Cultura: Igreja quer reaproximar-se da Arte

Equipa de Artes Plásticas e Performativas do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, fala de um «divórcio» que é preciso combater

Lisboa, 10 Fev (Ecclesia) – A Igreja está apostada em “estabelecer o maior número de pontes possíveis com a Arte”, combatendo um “divórcio” que se verificou sobretudo nas últimas décadas.

Rui Aleixo, que integra a equipa de Artes Plásticas e Performativas do Secretariado Nacional da Cultura (SNPC), fala uma separação “recente, não total mas parcial”, que se deu no século passado, motivada pela “abstracção dos novos conceitos de arte e de música contemporânea”.

Em declarações à ECCLESIA, o artista plástico afirma que na sociedade actual “há muita desconfiança, muita estranheza”, e “já não se reconhece o belo tão facilmente, e o paradigma da arte era simplesmente o belo ou a semelhança”.

Rui Aleixo dá como exemplo a fotografia, que quando começou a entrar na vida artística, revolucionou completamente os paradigmas existentes.

“Esses novos critérios, se calhar, não foram muito bem recebidos pela Igreja, foram considerados estranhos, talvez por uma visão um pouco mais conservadora, mais agarrada a uma imagética mais figurativa” explica o escultor.

“Por outro lado”, acrescenta, “as artes também se divorciaram da Igreja porque já não havia tanto mecenato, o artista começou a ter um processo mais individual, já não tinha de responder a uma encomenda”.

A evolução registada na sociedade, que trouxe uma nova visão “em relação à própria religião, à filosofia, e à compreensão do mundo”, funcionou também como um factor decisivo.

Perante este quadro, a equipa de Artes Plásticas e Performativas do SNPC pretende aproximar a arte sacra e litúrgica dos sítios onde a criatividade e a veia artistica se desenvolvem.

“Porque não ir a estes sítios de espectáculos e de artes? Porque não também trazer a arte para dentro da Igreja, algo que já não tem acontecido tanto e que antigamente era absolutamente comum?” defende Rui Aleixo, para quem as festas litúrgicas da Igreja Católica, como o Natal ou a Páscoa, poderão desempenhar um papel importante nesta tarefa.

“No fundo dar uma atenção especial à luz, como a Igreja poderá também acolher uma iluminação mais artística, acolher visitantes às suas Igrejas” propõe o artista plástico.

Mais do que criar coisas novas, a ideia passa pela Igreja associar-se a coisas que já existem, integrando-se nas cidades e no meio artístico em geral. 

O Programa da Igreja Católica na Antena 1 dedica esta semana três emissões a esta e a outras iniciativas do SNPC.

PRE/JCP

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