Cuidar dos doentes de Sida

Intenção Geral do Papa para o mês de Dezembro Intenção Geral do Papa para o mês de Dezembro 1. Números de uma tragédia Só em 2007, segundo números de Novembro passado, o vírus da SIDA levou à morte dois milhões de doentes, em todo o mundo, tendo infectado mais 2,5 milhões de pessoas. O número de infectados em todo o mundo ascende, segundo dados do mesmo mês, a 32 milhões de pessoas. África é o continente mais atingido, com 22,5 milhões de doentes. São números trágicos, sobretudo por se tratar de uma doença incurável. Os números, porém, podem esconder a tragédia maior: o sofrimento imenso que lhes está subjacente, quer dos doentes, quer dos seus familiares e amigos – dor, exclusão social, orfandade, famílias destruídas, comunidades inteiras fragilizadas e incapazes de acorrer às necessidades dos seus. Mais ainda quando se toma consciência de que o maior número de infectados vive em países pobres, tantas vezes devastados por guerras, sofrendo outras epidemias, fragilizados pela fome… E, por isso, não têm acesso nem mesmo aos cuidados mais básicos, capazes de atenuar o seu sofrimento e aumentar a esperança e qualidade de vida. 2. As mulheres e as crianças Nos países mais atingidos pela SIDA, as maiores vítimas acabam por ser as mulheres e as crianças. As mulheres porque, muitas vezes, ficam viúvas, com muitos filhos e sem meios de subsistência – e, tantas vezes, também já infectadas pelo vírus. As crianças porque, em grande número, ficam órfãs de pai e mãe e, em não poucos casos, nascem também elas infectadas pelo VIH. Com frequência, abandonadas à sua sorte ou acolhidas em orfanatos sem as mínimas condições, encontram-se desprovidas dos mais elementares meios de subsistência e quase sempre com uma esperança de vida muito limitada. E é quando se começa a considerar casos assim, com rosto e nome e sonhos e pesadelos, que a enorme destruição humana, familiar e social provocada pela SIDA ganha a sua verdadeira dimensão, tantas vezes escondida pela frieza dos números. 3. Sociedade atenta aos doentes de SIDA Perante a dimensão da tragédia provocada pelo VIH, e tendo em conta a sua incidência em países pobres, é desejável que a comunidade internacional assuma os seus deveres para com os mais desfavorecidos. Assim acontece com o Programa das Nações Unidas para o VIH/SIDA (ONUSIDA). Mas não é menos importante que a preocupação e solicitude por estes doentes e seus familiares se manifeste localmente: os poderes públicos nacionais e locais, as estruturas sociais intermédias e as pessoas, individualmente, devem agir, cada um segundo os próprios meios e deveres, no sentido de que esta solicitude seja real e eficaz. Importa tornar os medicamentes acessíveis aos doentes, desenvolver campanhas de prevenção adequadas, combater as discriminações… há um mundo de tarefas a assumir. Infelizmente, em muitos casos, tudo se resume à distribuição aleatória de preservativos, que, como é cada vez mais evidente, pouco resolve porque não leva a mudar comportamentos, antes ajuda a perpetuá-los, e cria uma falsa sensação de segurança com resultados inevitáveis: os números não deixam de aumentar, apesar de todas as campanhas sobre «sexo seguro». E o mais estranho é verificar como grande parte dos intervenientes nestas campanhas, perante o seu fracasso, ou consideram apenas a necessidade de as intensificar, ou procuram «bodes expiatórios», sendo a Igreja Católica o alvo preferencial – simplesmente porque se recusa a «vender» o preservativo como panaceia para todos os males. 4. A missão da Igreja Como noutras tragédias humanas, a Igreja aparece aqui na linha da frente. Dados do ONUSIDA mostram que mais de 26% de todas as instituições ligadas ao tratamento dos doentes de SIDA são iniciativa da Igreja Católica; esta presença faz-se sentir sobretudo nos países mais pobres, onde as Igrejas locais, através das paróquias, da Caritas e das Missões, realizam um imenso trabalho de bem fazer, acolhendo e tratando os doentes, e levando auxílio aos seus familiares. Deste modo, e através de iniciativas concretas, a Igreja testemunha a estes doentes e seus familiares o amor de Deus para com todos e a sua proximidade particular junto dos que sofrem. E, ao mesmo tempo, continua a propor modos de vida alternativos, contribuindo para mudar comportamentos directamente relacionados com a propagação do VIH. Tais modos de vida, embora não coincidam com aquilo que o mundo quer ouvir, são verdadeiramente humanos e humanizadores e, portanto, os mais eficazes na luta contra o implacável avanço desta doença mortal. Elias Couto

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