Crise: Bispo diz que é preciso «cumprir o acordado e assumir a dívida»

D. Antonino Dias escreve mensagem de Quaresma à Diocese de Portalegre-Castelo Branco e pede donativos para fundo social

Portalegre, 15 fev 2012 (Ecclesia) – O bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias, defendeu hoje que é preciso “cumprir o acordado e assumir a dívida”, por considerar que é esta a causa da “grande crise” que afeta os portugueses.

D. Antonino Dias escolheu o tema para título da sua mensagem de Quaresma, enviada à Agência ECCLESIA, alertando para a necessidade de enfrentar uma “crise de endividamento gigantesco”.

Segundo o também presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, existem vários tipos de dívidas, desde as que procuram “melhorar as condições de vida”, na certeza de que se podem pagar, às “contraídas por momentos de necessidade extrema” ou “por necessidade de arriscar em projetos de crescimento económico”.

“Há, porém, dívidas que não se devem contrair pois só servem para aparentar o que se não é nem tem. Há dívidas provocadas por loucuras inexplicáveis, por vaidades e levezas, por falta de austeridade e por administrações desastrosas”, lamenta.

A mensagem critica outra espécie de dívidas, “muito mais terríveis e prejudiciais, a influenciar mercados, bancos, bolsas e agiotas”: “Dívidas à honestidade, à honradez, à fortaleza de ânimo, à justiça, à família, à vida, ao trabalho, à coerência, à dedicação, ao interesse pelos outros, à partilha, à solidariedade, à fidelidade, à conversão”.

No dia em que a missão conjunta do Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu inicia a terceira avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira de Portugal, o bispo de Portalegre-Castelo Branco alerta para um “comodismo subjetivista” que faz “aumentar, mergulhar e afundar na bancarrota, pessoal e coletiva”.

“Só conseguiremos libertar-nos quando decidirmos investir a diversidade dos talentos que nos foram dados, com amor, como dom”, assinala.

D. Antonino Dias dirige-se depois às comunidades católicas, afirmando que “a Quaresma é este tempo de esperança na seriedade”.

No documento, o responsável anuncia que o destino da chamada renúncia quaresmal, em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, será o fundo diocesano, cuja gestão é feita pela Caritas, “em prol dos mais carenciados”.

A Quaresma, que este ano começa a 22 de fevereiro (quarta-feira de Cinzas), é um período de 40 dias – excetuando os domingos – que serve de preparação para a Páscoa (9 de abril), a principal festa do calendário dos cristãos.

OC

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