Covid-19: Jovem médico afirma que «é complicado sair de casa para ir trabalhar e ter medo» (c/vídeo)

“Conversas na Ecclesia” mostra a realidade de um jovem médico, uma finalista de Economia e uma jovem emigrante de quarentena em Portugal

Lisboa, 28 abr 2020 (Ecclesia) – Tomás d’Elvas Leitão, um jovem médico que iniciou a sua especialidade em Anestesiologia, afirmou nas conversas Ecclesia que “é complicado sair de casa todas as manhãs e ter medo”. 

“É complicado uma pessoa sair de casa todas as manhãs para ir trabalhar e ter medo, ter receio do que encontrar e do que pode trazer para casa e isso muda a maneira de viver o dia a dia”, afirma o jovem Tomás d’Elvas Leitão, nas Conversas na Ecclesia.

Na rubrica “Momentos F5”, que reúne a cada segunda-feira jovens que vivem este tempo de pandemia em contextos e realidades diferentes, o jovem médico relata o início da sua carreira.

“Iniciei a especialidade em janeiro de 2020 e, ao fim de dois meses muda tudo, o que seria a curva de aprendizagem, de repente muda tudo, a organização do serviço, o hospital não sabe o que vai acontecer e como temos de nos organizar”, partilha.

A trabalhar no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Tomás vê-se confrontado com a ideia de “poder ser chamado” à linha da frente no combate ao Covid-19, pois um doente para ser “ligado ao ventilador” é necessário um médico anestesista e “passados dois meses podemos ser chamados, temos de estar prontos”.

O também dirigente no Agrupamento 75 do Estoril, do Corpo Nacional de Escutas, tem esperança no “reencontro com os miúdos” mas receia que o escutismo não vá ser “vivido da mesma forma”.

Já Carolina Sobral, está há dois anos a trabalhar na Suiça, no início de março veio ao aniversário de uma prima e já não voltou, estando a passar a quarentena em casa dos pais, em Aveiro.

“Estou na casa dos meus pais, obviamente que também é o meu espaço mas já não vivo cá há 11 anos, porque não estudei cá, e não trouxe nada”, conta. 

A jovem farmacêutica, em teletrabalho, confessou ainda que o mais lhe custa “é não ter um plano, não saber quando isto vai melhorar” ou “quando poderá visitar os avós, sair e voltar às suas rotinas”.

“Tudo o que tínhamos como garantido deixou de o ser, somos forçados a pôr a nossa vida em pausa; mudámos totalmente a rotina, tivemos de ver o que é prioridade, esquecer a viagem marcada, os convívios, tudo foi cancelado e isso faz-nos pensar muito, causa-nos ansiedade e considerar que não temos aqui poder nenhum”, aponta.

A jovem, que toca contrabaixo, partilhou ainda que, em domingo de Páscoa, em família, “entraram na celebração online da eucaristia, na paróquia da Vera-Cruz” ajudando na animação, “uma diferença na celebração desta Páscoa”.

Na diocese da Guarda está Ana Filipa Teixeira a viver a sua quarentena, finalista do curso de Economia, em Lisboa, olha o futuro com muitas incertezas. 

“São muitas incertezas, não saber como vai ser, porque há muitos de nós que estão para ingressar para mestrados ou procurar trabalho e não se sabe se avançamos”, afirma.

A jovem, membro do grupo de jovens de São Miguel da Guarda, partilhou que o grupo se tem unido em oração, uma forma de transformar o isolamento e aproximar todos.

“Esta é uma força a mais que conseguimos ganhar e dar uns aos outros, numa altura em que não sabemos o que fazer e o que esperar… Estamos ligados, rezamos juntos e até já tivemos uma celebração para nós online”, relata. 

O projeto “Conversas na Ecclesia” tem objetivo de para partilhar, de segunda a sexta-feira, um tempo de diálogo sobre cinco temas, publicados nas redes sociais, a partir das 17h00.

A semana começa com temas direcionados para jovens, depois a solidariedade e o cuidado da casa comum, as novas formas de liturgia e de pertença, os acontecimentos vividos a partir do Vaticano e, a terminar a semana, uma conversa com propostas e perspetiva culturais.

SN

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