Covid-19: Europa tem de recuperar projeto centrado em «fundamentos civilizacionais»

Isabel Baltazar, professora universitária, destaca impacto da pandemia que recordou importância de uma verdadeira União

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 17 jul 2020 (Ecclesia) – Isabel Baltazar, professora e investigadora em estudos europeus da Universidade Nova de Lisboa, disse à Agência ECCLESIA que a crise pandémica veio recordar a importância de uma verdadeira União Europeia, centrada nos seus “fundamentos civilizacionais”.

“Temos de repensar-nos, dentro desta Europa, pensar que não somos mercadorias”, referiu a docente, numa entrevista que é hoje emitida no Programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública (22h45).

A especialista questiona a ideia de projeto comunitária fundamentada “em tratados ou em políticas económicas”.

“Quando há uma crise, reconhecemos que o projeto europeu está muito para além disso”, precisa.

Isabel Baltazar destaca a importância de promover uma Europa com povos unidos por valores, “pela Cultura, pelos seus fundamentos civilizacionais”.

“Não nos podemos rever num projeto sem uma identidade”, da qual também faz parte a “civilização cristã”, observa.

Bruxelas acolhe hoje uma cimeira extraordinária de líderes dos 27, para tentar fechar um compromisso sobre o fundo de recuperação, de 750 mil milhões de euros, e o orçamento para 2021-27.

Para Isabel Baltazar, é necessário que o debate vá para além da Economia, destacando que, numa verdadeira União, o mais natural deveria ser “resolver em conjunto os problemas”.

“Eu quero o relançamento da ideia da Europa e dos alicerces da construção europeia, orientados agora para a prova de que foi importante haver uma União Europeia, para o bem de todos os Estados e dos cidadãos”, sustenta a investigadora em estudos europeus da Universidade Nova de Lisboa.

A docente participa no livro ‘Ressurgir – 40 perguntas sobre a pandemia’ (Paulinas), publicação interdisciplinar que reflete sobre as repercussões pessoais e familiares da crise sanitária e económica provocada pela Covid-19, com especialistas de áreas científicas, académicas, literárias e da sociedade em geral.

Alfreda Ferreira da Fonseca, professora de Filosofia e coautora no livro, foi a entrevistada do Programa ECCLESIA desta quinta-feira, defendendo uma mudança na pastoral da Igreja Católica, a partir da experiência na pandemia.

“As palavras e os gestos do Papa Francisco, durante a crise, foram extremamente significativos. Essa capacidade de incluir todos é a capacidade que o Papa tem tido para falar a toda a gente, mostrar que é possível viver de outra maneira”, sublinhou.

A entrevistada considera que a Igreja Católica “fala muitas vezes para dentro”, mas no caso da crise sanitária, entende que a Conferência Episcopal “esteve muitíssimo bem e foi muito assertiva, naquilo que disse”

Alfreda Ferreira da Fonseca identifica “uma alteração profunda” na relação entre a Igreja e a sociedade, nos últimos meses, conseguindo “chegar a toda a gente, de uma maneira simples”, através das plataformas digitais.

LS/OC

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