Delegação da iniciativa católica global pelo clima sublinha mandato de todos para cuidar da casa comum
Sharm el-Sheikh, Egito, 10 nov 2022 (Ecclesia) – O Movimento ‘Laudato Si’ vai estar presente na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27) que decorre até dia 18 em Sharm el-Sheikh, no Egito, com iniciativas em torno do documentário ‘A Carta’, que tem a participação do Papa.
“Dois dos princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja estão diretamente relacionados com a crise climática: a opção pelos pobres e vulneráveis e o cuidado da criação de Deus. A crise ecológica e a emergência climática estão a destruir a criação de Deus e nossos irmãos e irmãs mais pobres e vulneráveis são os que mais sofrem, apesar de terem pouco a ver com as emissões de gases de efeito estufa que causam essas crises”, informa a página oficial do Movimento ‘Laudato Si’ (MLS), iniciativa católica global pelo clima.
A 27ª COP decorre no Egito, até 18 de novembro, reunindo decisores políticos, académicos e organizações não-governamentais, com o objetivo de travar o aquecimento global do planeta, entre outras metas; pela primeira vez a Santa Sé participa como parte da Convenção e do Acordo de Paris, estando representada pelo cardeal Secretário de Estado, D. Pietro Parolin.
No Egito, o MLS faz-se representar por Lindlyn Moma, diretora de Advocacy, pelo Frei Eduardo Agosta Scarel, assessor principal, Caroline Wambui, diretora de Biodiversidade e Mudanças Climáticas, Prince Papa, diretor de Programas para a África, e Mpumi Mbenenge, estagiária da equipe de Advocacy.
O Movimento inicia hoje a exibição do filme ‘A Carta’, seguido de um debate sobre ‘O grito da terra e o grito dos pobres’, contando com a presença do Secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Peitro Parolin, Vanessa Nakate, ativista climática da COP, e Yeb Saño, vice-presidente do conselho do MLS e diretor-executivo do Greenpeace no Sudeste Asiático.
Com este debate, o MLS espera contar com contributo de “negociadores da COP 27 do sul global, com foco especial em mitigação, perdas e danos, financiamento e adaptação”.
A projeção do filme volta a acontecer no dia 11 de novembro, com um debate sobre ‘A aliança entre fé e ciência na crise climática’, contando para isso com a análise de do cardeal Fridolin Ambongo, arcebispo de Kinshasa e vice-presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar.
Na véspera do encerramento da COP27, o MLS organiza um debate sobre o tema ‘Justiça climática e da biodiversidade pela perspetiva da fé: o que vem agora?’.
“Será realizada uma mesa-redonda para discutir como abordar os problemas das mudanças climáticas e do colapso da biodiversidade a partir da Doutrina Social da Igreja, a exemplo do que acontece no filme A Carta”, indica o movimento.
Nesse dia está ainda prevista a exibição do filme seguida de debate ‘Um imperativo de justiça intergeracional’, mais “voltado para o público em geral, especialmente jovens e pessoas religiosas”, contando também com a análise de especialistas.
Entre os dias 14 a 17 de novembro, o MLS vai organizar a exibição de documentários em vídeo, com uma “compilação de vídeos de testemunhas diretas e vítimas de perdas e danos, vítimas de violações de direitos humanos e refugiados ambientais e do Sul global que compartilham as suas experiências”.
“Num nível mais prático e quotidiano, a crise climática afeta todos nós na forma de temperaturas mais altas e um clima mais extremo que, segundo os cientistas, é mais comum num planeta Terra mais quente. E é evidente que devemos cuidar mais e melhor da nossa Terra. A nossa fé exige que cuidemos da criação de Deus e dos mais vulneráveis, que estão a ser devastados pela destrutiva crise climática”, indica o MLS.
D. Pietro Parolin teve ocasião de falar no segundo dia da COP27 onde afirmou o perigo de a crise provocada pela Covid-19 e a guerra na Ucrânia poderem “ofuscar” os esforços deste encontro, alertando para o facto de as mudanças climáticas “não esperarem”.
“A crise socioecológica que vivemos é um momento propício para a conversão individual e coletiva e para decisões concretas que já não podem ser adiadas. A face humana da emergência climática desafia-nos profundamente”, disse o secretário de Estado do Vaticano, discursando em Sharm el-Sheikh.
LS