«Conversas do Silêncio»: Jovens adultos têm «reações mais dramáticas» a reagir ao luto (c/vídeo)

Filipa Miranda, psicóloga, admite que há pessoas que estão a passar pelo processo de luto sem o saber e aponta os sinais de alerta para pedir ajuda

Lisboa, 17 nov 2020 (Ecclesia) – Filipa Miranda, psicóloga e fundadora do grupo de apoio ao luto “Renascer”, na ilha Terceira, Diocese de Angra, afirmou que os jovens adultos têm “reações mais dramáticas” de reagir ao luto, como partilhou com a Agência ECCLESIA.

“A literatura defende que há jovens adultos que ainda não têm competências cognitivas para terem alguns tipos de choque, nós vamos desenvolvendo isso ao longo da vida, no entanto os jovens adultos revelam tendência para reações mais dramáticas, como se atirarem para o chão, o grito e choro fácil, enquanto que nos adultos, apesar do choque existir, as reações são de forma mais moderada e comedida, ficando mais apáticos e até inativos perante a notícia”, explica.

A psicóloga estudou em Coimbra e defendeu a sua tese de mestrado sobre a reação dos jovens adultos perante o luto, com “uma conotação pessoal”, através de uma perda e onde questionou a reação e estratégias que encontravam para o processo de luto.

“Por exemplo, um filho que perde um pai, o que faz? Deixa um rasto de solidão, o guia, porto seguro deixou de existir, se é a primeira perda significativa, aquele jovem perdeu a pessoa,  a rotina, o ver e tocar, mas perdeu também o conforto de ter alguém que o poderia guiar, que é o que os pais fazem”, afirma. 

Em 2013, quando regressou à ilha Terceira, nos Açores, Filipa Miranda fundou o grupo Renascer, onde é dada ajuda nos vários tipos de luto, realidade “importante de perceber”.

“É importante perceber que o luto não é só quando perdemos uma pessoa, podemos ter o divórcio, separação, término do namoro, ou perda de expetativa, como um feto abortado ou danos ao amor próprio, seja quando uma mulher tem de retirar um seio, mas também a desvalorização social ou a perda de emprego… Muitas vezes estão a passar por processos de luto e não sabem que o estão a fazer”, aponta.

Filipa Miranda refere que, neste caso, se torna importante “sensibilizar e pedir ajuda”, e este pedido nasce de uma reflexão da própria pessoa. 

“O pedir de ajuda é preciso reflexão, a própria pessoa tem de perceber o que se está a passar, a perda está a provocar danos e perturbar a minha rotina, seja no sono, alimentação ou relação com outros? Se isso acontecer então já está num âmbito que pode pedir ajuda”, esclarece.

No mês de novembro a Agência ECCLESIA apresenta as ‘Conversas do Silêncio’, publicadas online pelas 17h00 e emitidas no programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45, de segunda a sexta-feira.

SN

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