Coimbra: Bispo diocesano presidiu à Missa da Bênção das Pastas e desafiou finalistas a rejeitar «cultura do vale tudo» (c/fotos)

Celebração decorreu em moldes diferentes, com dois estudantes em representação de cada Faculdade, Escola ou Instituto, manifestando «cuidado» e «respeito» pela comunidade

Coimbra, 26 jul 2020 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra presidiu hoje à Missa da Bênção das Pastas, na Capela de São Miguel, da Universidade local, desafiando os finalistas a rejeitar uma “cultura do vale tudo”.

Na homilia da celebração, D. Virgílio Antunes destacou que os jovens têm sido capazes de “sonhar para além dos desejos imediatos de uma vida longa, de riqueza, de competitividade, de poder” e manter a “esperança de ser pessoas sábias e esclarecidas, que querem respeitar, servir e amar o seu próximo”.

O responsável católico saudou o esforço das novas gerações no sentido de tornar o mundo melhor, perante “sintomas de vazio, de egoísmo e de injustiça”

A Eucaristia, este ano com restrições devido à pandemia de Covid-19, contou com a presença do capelão da Universidade de Coimbra, padre Paulo Simões, e de dois estudantes em representação de cada Faculdade, Escola ou Instituto.

O bispo de Coimbra pediu aos finalistas que não sejam “meros tecnocratas” e pesem bem as suas decisões, na vida profissional.

A economia pode matar ou ser serviço ao bem de todos; a política pode ser lugar de poder ou ato de doação em favor da comunidade; o trabalho pode ser lugar de realização ou de confronto e luta feroz pelo domínio dos bens materiais; a escola pode ser espaço de crescimento na autonomia e nos valores ou laboratório de autómatos; a família pode ser lugar de partilha de vida ou campo de batalha de disputa de direitos; até a religião pode ser caminho de alienação ou de libertação”.

D. Virgílio Antunes sustentou que, sem um “coração inteligente”, as pessoas se tornam “insensíveis” e incapazes de “distinguir o bem do mal”.

O prelado desejou que aqueles que concluem o seu percurso académico saibam manter vivo o “desejo” de Deus, propondo um lema: “Concorrer em tudo para o bem daqueles que Deus ama, o mesmo é dizer, para o bem de todos”.

A intervenção destacou o “modelo diferente” desta celebração, admitindo que é vivido com tristeza por muitos finalistas, seus pais e familiares, “privados de uma dia de festa e altamente significativo”.

“É um sinal do cuidado que todos temos de ter uns com os outros, da atitude de respeito e de serviço, que queremos como marca da nossa fé e da nossa humanidade”, apontou.

Num momento de “muita esperança” para os finalistas, D. Virgílio Antunes deixou uma referência especial aos avós, “reduto incomparável de ternura”.

A Comissão Organizadora da Queima das Fitas Coimbra 2020 sublinha que a celebração quis oferecer aos estudantes “a oportunidade de viver e sentir este que é um dos momentos mais solenes da tradição académica”, através da transmissão televisiva.

A celebração teve uma finalidade solidária, dado que o peditório reverterá para o Fundo Solidário Justiça e Paz, “que apoia estudantes do ensino superior para evitar o abandono académico por motivos económicos”.

As instituições de ensino superior participantes, apresentadas pelo padre Paulo Simões, foram a Universidade de Coimbra (8 faculdades), o Instituto Politécnico de Coimbra (5 escolas e institutos), a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, a Universidade Aberta, o Instituto Superior Miguel Torga e a Escola Universitária Vasco da Gama.

Os finalistas fizeram uma oração de consagração, antes da bênção das pastas, pelo bispo de Coimbra, que evocou as famílias “seriamente afetadas” pela pandemia de Covid-19.

“Que todos possam sentir o coração reconfortado e continuar a sonhar”, concluiu D. Virgílio Antunes.

OC

Foto Secção de Fotografia da Associação Académica de Coimbra (AAC), Bênção das Pastas 2020
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