Claretianos apostam na África lusófona

Missionários comemoram 50 anos de Província Portuguesa Os Missionários Claretianos celebraram ontem, 16 de Maio, 50 anos de Província Portuguesa. A data foi lembrada, de modo informal, na segunda feira com uma celebração eucarística em Fátima, mas estão prometidas maiores comemorações em Outubro, onde se integra uma peregrinação ao Santuário de Fátima. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o Pe. Manuel António Mendes dos Santos, actual Superior Provincial dos Claretianos em Portugal, fala da missão dificuldades e desafios que se colocam para o futuro. Agência ECCLESIA – Que significado se pode atribuir a esta celebração dos 50 anos da Província portuguesa dos Claretianos? Pe. Manuel António – Essa data significa que foi reconhecido às pessoas (aos religiosos Claretianos) que faziam parte do território português, um estatuto que lhes permitia ter autonomia, e portanto reconhecer que a Congregação se tinha instalado em Portugal, crescido e desenvolvido. Por isso, ao celebrar os 50 anos há que recordar, numa atitude também agradecida, aqueles que contribuíram para a vinda dos Claretianos até este território português, pelo esforço que fizeram para implantar aqui a Congregação e todo o trabalho de serviço à Igreja e à Sociedade. Hoje temos uma presença firme em Portugal, Angola e São Tomé. AE – Recordando a história da Congregação em Portugal comemora-se este ano 108 anos de presença no nosso país. Durante esse tempo que levou até à instituição da Província, como era? AM – Era uma dependência da província de Castela, da Espanha. Em 1898 começaram a fundar as primeiras comunidades em Portugal, junto à fronteira, na Guarda. São Bento Meni teve, nesse aspecto, um papel importante. O fundador da Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus tinha uma casa perto da fronteira, em Aldeia da Ponte, que nos pediu para tomar conta. Assim, viemos nós para Portugal, como missionários espanhóis. Em 1910, pouco tempo antes da instauração da República, fomos expulsos, regressámos em 1920. Quando regressámos já havia alguns portugueses. Nesses primeiros anos em que estivemos em Portugal, alguns foram levados para Espanha, e no regresso já havia um grupo de missionários portugueses. Foram fundadas novas casas e em 1927 partiu-se para as missões de São Tomé e Príncipe. Em 1956 atingiu-se um número razoável de membros que permitiu assumir, como organismo independente, a direcção da Congregação. AE – Actualmente, estando dispersos por todo o país, qual é a vossa missão? AM – Temos actualmente dez comunidades em Portugal, uma em São Tomé e Príncipe e duas em Angola. Desde o princípio a nossa actividade caracteriza-se por sermos missionários ao serviço da Evangelização, da Palavra, ligadas a acções de formação, missões populares, acções educativas com colégios, e ligados também aos meios de comunicação social. Começámos, também, a assumir um trabalho paroquial bastante forte. Aliás, neste momento, um dos trabalhos que fazemos mais em Portugal é ao serviço da Igreja local, ao serviço das paróquias. AE – Esta aproximação aos jovens e adolescentes, através dos colégios, facilita de algum modo o trabalho vocacional? AM – Talvez sim e talvez não! Em Portugal os colégios nunca foram um lugar, tradicionalmente, com muita vitalidade vocacional para sacerdotes religiosos. Mas, pelo menos, é uma maneira de nós estarmos presentes na educação dos jovens e, sobretudo, até de apontarmos outros modos de educar no nosso país. No Colégio dos Carvalhos já há bastante tempo que optámos por alguma originalidade nos cursos que apresentamos, na preocupação de inovarmos, de procurar uma boa formação, até ao nível técnico e profissional, ajudando essas pessoas a crescer como cidadãos, e pessoas empenhadas na construção do nosso país. Isto, para além dos valores religiosos que procuramos também transmitir. AE – Como é o panorama vocacional dos Claretianos em Portugal? AM – Tem passado por várias fases. Já tivemos um grupo razoável de jovens em formação mas, neste momento, as coisas estão mais difíceis. Não temos tido muitas vocações. Actualmente temos apenas um estudante em Filosofia. Vamos continuando a trabalhar e a acreditar que Deus continua a chamar. Em Angola e São Tomé, vamos tendo um grupo de vocacionados com quem contamos para que possam continuar a presença dos missionários Claretianos nesses países. AE – Qual é o principal desafio que se coloca, neste momento, aos missionários Claretianos. AM – Diria que um dos desafios é, o de continuar a acreditar que a nossa presença é importante na Igreja e no mundo. Confrontarmo-nos com o envelhecimento das pessoas, com o panorama vocacional, não muito animador, pode levar a algum desânimo por parte de algumas pessoas. Ao mesmo tempo, há um aspecto que é o abrirmo-nos ao mundo laical de modo a levar à consciencialização de que, afinal, na Igreja todos nós somos responsáveis pela construção da mesma, e não apenas os missionários, religiosos e sacerdotes. O segundo desafio é, o de cimentarmos a nossa presença em África, ajudando as pessoas a encontrarem os seus caminhos de futuro.

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