Cáritas: Pessoas estão acima do défice

Presidente da organização realça que «não se pode desmobilizar o capital humano para ressuscitar o capital financeiro»

Fátima, Santarém, 08 out 2012 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa admitiu que o défice do Estado tem de ser resolvido para que Portugal tenha credibilidade internacional, mas sustentou que acima deste “há um desígnio maior”, que são as pessoas.

Antecipando o próximo Orçamento de Estado, que vai ser conhecido no dia 15 deste mês, Eugénio da Fonseca referiu à ECCLESIA que “são as pessoas que formam as nações” e que “não se pode desmobilizar o capital humano para ressuscitar o capital financeiro”.

 

Em relação às últimas medidas de austeridade anunciadas pelo ministro das finanças, Vítor Gaspar, o presidente da Cáritas sublinhou que estas foram recebidas “com muita apreensão” e ~revelou que os responsáveis das organizações diocesanas estão a “ficar bastante esmagados pelo sofrimento das pessoas que cada vez mais” procuram ajuda.

O anúncio do aumento de impostos “representa diminuição de rendimentos” e as reduções de prestações sociais e da despesa na área da educação “compromete o futuro”, lamentou Eugénio da Fonseca, falando à margem do conselho permanente da Cáritas Portuguesa, este sábado, em Fátima. 

 

O responsável declarou que Portugal necessita de resolver o problema do défice para poder “trilhar os caminhos do progresso”, mas também precisa de ter “pessoas qualificadas”.

Para o presidente da organização católica de solidariedade e ação humanitária é fundamental “alargar o prazo de pagamento da dívida”, porque as metas definidas pela troika “são muito exigentes” para um país que já tinha “debilidades muito grandes em termos económicos”.

A tensão que se vive “não ajuda à recuperação do país”, disse Eugénio da Fonseca, antes de acrescenta: “Deve evitar-se o fervilhar de tensões, porque só na harmonia e unidade se supera as dificuldades”.

Uma das soluções apresentadas pelo responsável da Cáritas, que ajudariam Portugal a superar estes momentos difíceis, passaria por um “pacto de regime” em que os “partidos deveriam esquecer a luta pelo poder”.

Eugénio da Fonseca reconhece que a solidariedade dos portugueses tem sido “inexcedível”, mas refere também que o povo “não pode dar mais do que aquilo que tem dado”.

Para ajudar aqueles que mais necessitam e de forma imediata, o próximo orçamento de Estado deve destinar “uma verba significativa” para a área da ação social, aponta o responsável do organismo da Igreja Católica.

PTE/LFS

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