Cardeal Saraiva Martins pede santidade aos políticos

Os políticos devem orientar a sua actividade para a santidade, disse ontem o Cardeal José Saraiva Martins na celebração eucarística em honra de Nossa Senhora do Monte, padroeira da Madeira. “Também a política pode ser e deve ser um caminho para chegar à santidade”, realçou. A celebração decorreu na igreja funchalense, presidida pelo prefeito da Congregação das Causas dos Santos e concelebrada por D. Teodoro de Faria, D. Maurílio Quintal e por diversos sacerdotes. D. José Saraiva Martins evocou o exemplo do Beato Carlos de Áustria, último monarca do império austro-húngaro, cujo corpo se encontra sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Monte, na freguesia do Monte, concelho do Funchal. A solenidade religiosa de Nossa Senhora do Monte teve, este ano, a particularidade de decorrer quase um ano após à beatificação de Carlos I (3 de Outubro de 2004 pelo papa João Paulo II, na Basílica de São Pedro, no Vaticano), falecido no exílio na ilha da Madeira a 1 de Abril de 1922. Na sua homilia, D. José Saraiva Martins referiu o exemplo do mistério da assunção ao céu, em corpo e alma, da “Maria, Santíssima, Senhora do Monte”, para lembrar que os homens devem prosseguir a missão de serem santos perante Deus tal como o fez Carlos I da Áustria, IV da Hungria e III da Boémia. “O beato Carlos de Áustria, como cristão, pai de família e homem de Estado, respondeu em toda a sua vida a esse chamamento, à santidade”, sublinhou. “Percebeu que o tempo que nos é dado, é tempo propício para buscar, para reconhecer e seguir a vontade de Deus, em tudo”, disse D. José Saraiva Martins, numa alusão ao “homem de paz” que se opôs à primeira Grande Guerra e impulsionou a assistência social. “Que ele (Carlos) constitua um exemplo para todos nós, sobretudo para aqueles que hoje ocupam lugares com responsabilidade política”, aconselhou. A este propósito, o Cardeal português desejou que aquele beato “constitua um exemplo para todos nós, sobretudo para os que ocupam lugares de responsabilidade política. Também a política pode e deve ser um caminho para chegar à santidade”. O cardeal português recordou ainda a mensagem de “esperança”, “amor”, “reconciliação” e “paz” do beato Carlos de Áustria, que considerou “particularmente actual hoje”. Salientou depois que “o dom mais precioso que Deus lhe deu — a paz — é aquilo que nos falta hoje, em tantas partes do Mundo”. “O ódio, o sangue, o terrorismo — continuou o cardeal — parecem prevalecer sobre o bem, sobre o amor. Carlos dá-nos um exemplo magnífico: como ele, também nós devemos ser construtores de paz, construtores de pontes, missionários do amor e da reconciliação”. E a concluir a sua homilia sublinhou que “esta é a lição da Assunção de Nossa Senhora, e é também a lição que nos dá o beato Carlos”. A Eucaristia foi antecedida da bênção, pelo Cardeal, da obra escultórica de Carlos de Áustria, que se encontra no adro da igreja.

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