Bispos falam em situação de «pesadelo» no Haiti

O presidente da Conferência Episcopal do Haiti, arcebispo Hubert Constant, descreveu a actual situação no país como um “pesadelo”. Numa mensagem difundida pela Fundação “Ajuda à Igreja que Sofre” (Fais), que desenvolve uma acção significativa no Haiti, o prelado explica que o “maior grau de violência” se regista na capital, onde se sucedem os saques, sequestros e execuções sumárias. O prelado explicou que, para além de Port-au-Prince, há situações de violência no norte do país, nos arredores de Cap Haitien e Fort-Liberté, onde os motins terão causado cerca de uma dúzia de vítimas. As lojas e os edifícios públicos foram alvo de pilhagens e de fogo posto. Os observadores internacionais falam em uma centena de pessoas mortas desde que a crise teve início, a 10 de Fevereiro, e em danos materiais estimados em “centenas de milhões de dólares” num dos países mais pobres do Ocidente. “É apenas através da fé, de facto, que muitas pessoas conseguem suportar estas extremas tragédias da sua existência”, afirma o arcebispo no final da sua mensagem. No passado dia 29 de Fevereiro o presidente do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, exilou-se na República Centro Africana como consequência do grande movimento anti-governo organizado por um lado pacificamente pela oposição e a sociedade civil, e por outro lado por alguns grupos armados que, após terem com o controlo de boa parte do país, ameaçaram invadir a capital. Nestes momentos, apesar da presença em território haitiano de uma missão de paz autorizada pela ONU, a situação não parece ainda sob controlo. No Domingo passado, na capital, pelo menos seis pessoas morreram – entre elas, o jornalista espanhol Ricardo Ortega – e trinta ficaram feridas durante uma manifestação de milhares de opositores ao regime de Aristide. APELO À CARITAS Entretanto, a Cáritas Haiti já lançou um apelo à rede internacional da organização católica para a assistência e a solidariedade, tendo um plano de emergência para ajudar a população O plano contempla a realização de acções imediatas de ajuda aos grupos de população mais vulneráveis, além de programas a médio e longo prazo para assegurar condições de vida minimamente dignas no país. 65% dos 8,1 milhões de haitianos vivem abaixo do limite de uma pobreza extrema.No final de fevereiro, o director da Cáritas Haiti, Wilnus Tinus, tinha alertado a comunidade internacional sobre a alarmante situação de risco alimentar na qual se encontram quatro milhões de haitianos, ou seja, metade da população. O plano de contingência implementado por Cáritas do Haiti inclui um amplo leque de intervenções humanitárias em campos básicos como a alimentação, a saúde, a educação e a habitação, num total de cerca de 1,5 milhões de Euros.

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