“O Fanatismo e o fundamentalismo” são dois dos grandes obstáculos ao Ecumenismo apontados por D. Joaquim Gonçalves, Bispo de Vila Real, num texto publicado no semanário diocesano «A Voz de Trás-os-montes». Ao lembrar a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, o prelado considera que para além destes factores que impedem o diálogo entre cristãos, também “a ausência de piedade na vida de católicos, ortodoxos e protestantes e mais ainda o laicismo, o abandono do sentido religioso da vida” podem servir de obstáculo ao ecumenismo. D. Joaquim Gonçalves percorre assim a história da Igreja no diálogo com as outras Igrejas cristãs, salientando a diferença que existe entre o chamado Ecumenismo, “movimento cristão que se refere unicamente aos cristãos” e o diálogo inter-religioso “com as religiões não cristãs e não crentes”, refere o prelado. Nesta exposição D. Joaquim considera que, ao olhar para a História que levou alguns séculos a fazer-se, verificam-se “feridas e consequências na vida dos povos” e “os cristãos mais lúcidos de qualquer confissão cristã reconhecem que este estado de coisas é oposto ao plano de Jesus Cristo e merece um esforço conjunto de reconciliação”, salienta. O Bispo de Vila Real lembra ainda que “o Ecumenismo não corresponde a uma espécie de negociações de grupos religiosos” mas “vive da conversão interior de cada um” e “é um movimento de verdadeiros cristãos”. Na base das divergências entre as Igrejas cristãs estão tomadas de posições diferentes em relação a determinados temas e questões doutrinais, questões essas que, diz D. Joaquim Gonçalves, “podem ser revistas em determinados aspectos sem deixar de ser o que são”. As alterações verificadas ao modo de celebrar a missa, a importância dada aos ministérios laicais, a afirmação de Cristo como única fonte de Revelação, a noção de «justificação», e até o próprio ministério do Papa são, segundo o Bispo Vila Real, aspectos que continuam a merecer o estudo de grandes teólogos “por fidelidade à fé católica”, sublinha o prelado.