Beatificação: «Advogado» de João Paulo II sublinha transparência do processo

Slawomir Oder, postulador da causa de canonização, publicou livro para retratar trabalho de vários anos

Lisboa, 27 abr 2011 (Ecclesia) – Slawomir Oder, postulador da causa de canonização de João Paulo II, assegurou a respeito deste processo que o mesmo decorreu com absoluta “transparência” e deu mesmo voz aos que se opunham à beatificação.

Na sua passagem por Portugal, em dezembro último, este responsável falou à Agência ECCLESIA, tendo reafirmado a importância de um processo meticuloso, no qual procurou seguir o único conselho que lhe foi dado por Bento XVI: trabalhar “depressa e bem”.

O sacerdote polaco, a quem a Diocese de Roma confiou o papel de “advogado” de Karol Wojtyla no processo que se iniciou em 2005, escreveu o livro “João Paulo II – Santo”, com o qual quis mostrar a total “coerência” entre a vivência privada do falecido Papa e a sua vida pública, que foi acompanhada por centenas de milhões de pessoas, particularmente nos mais de 26 anos e meio de pontificado.

“Trata-se de um estudo aprofundado, a 360 graus”, assinala, em que foi passada em revista “toda a documentação” relativa à vida do falecido Papa polaco.

O processo dá especial atenção aos últimos dez anos de vida, dado que a santidade é um “processo em crescendo”.

Oder destaca, na espiritualidade de João Paulo II, a sua “profundidade” e a “consciência de ser chamado por Deus a ser sacerdote”.

Para o postulador, este foi um Papa que “criou amizade entre as pessoas” e destaca um testemunho curioso para mostrar o seu “trato humano”, de um guarda suíço, responsável pela segurança do apartamento pontifício, o qual contou que João Paulo II foi o único a desejar-lhe um «Feliz Natal»,  de todos os que com ele se cruzaram.

O livro tem algumas revelações inéditas, incluindo uma carta escrita pelo Papa em 1989, na qual este manifestava a vontade de renunciar à sua missão, no caso de doença incurável de longa duração ou outro tipo de obstáculo que o impedisse de exercer as suas funções.

No entanto, João Paulo II retomou o assunto em 1994 (cerca de dois anos antes, suspeitara-se que poderia ter um cancro), afirmando noutra carta dirigida aos cardeais que depois de rezar e refletir sobre a sua responsabilidade perante Deus, considerou seguir o exemplo de Paulo VI, que perante o mesmo problema decidiu não renunciar.

O livro apresenta ainda a carta aberta que o Papa polaco escreveu a Ali Agca (11.09.1981), autor do atentado na Praça de São Pedro.

A carta aberta a Agca foi preparada para uma audiência geral, mas não chegou a ser pronunciada, supõe-se que para não interferir nas investigações então em curso.

Slawomir Oder aborda também as práticas de mortificação e jejum de João Paulo II, que passava horas a fio deitado no chão do seu quarto e se flagelava. Para o sacerdote polaco, a intenção do Papa era “afirmar a primazia de Deus” e usar a mortificação como uma forma de se aperfeiçoar.

A reconstituição da sua vida, a partir do que foi o processo de beatificação, mostra Karol Wojtyla como “um Papa que viveu na sua própria carne a mensagem evangélica, nos limites da pobreza, na humildade, na sensibilidade às necessidades do outro, sempre espirituoso e jovial”.

O dia 1 de maio é a data escolhida para beatificação de Papa João Paulo II, falecido a 2 de abril de 2005, aos 84 anos de idade.

OC

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