Argélia: processo contra mulher convertida ao cristianismo

Pela primeira vez na Argélia está em andamento um processo contra uma argelina convertida ao cristianismo, acusada de prática de um culto não-muçulmano, sem autorização oficial. O Procurador da República de Tiaret (Oeste), a 400 quilómetros de Argel, pediu esta três anos de prisão efectiva para Habiba Kouider, de 37 anos de idade. Segundo o Pastor Mustapha Krim, Habiba Kouider foi presa no início de Abril pelos polícias da ordem pública, quando viajava de autocarro na estrada que liga Tiaret a Oran, na posse de uma dezena de exemplares da bíblia. Ela é perseguida no quadro de uma lei aprovada em 2006 que exige uma autorização da autoridade municipal para o exercício de culto não-muçulmano na Argélia. Seis outros argelinos igualmente convertidos ao cristianismo devem comparecer perante o mesmo tribunal, acusados de “proselitismo religioso”, acrescentou o presidente da Igreja protestante. Entretanto, Paris pediu à Argélia a libertação de Habiba Kouider. A Secretária de Estado francesa dos Direitos do Homem, Rama Yade, definiu como «triste e desconcertante» e pede um gesto de clemência, ressaltando que o processo contra Habiba é uma afronta à Declaração Universal dos Direitos do Homem que, no artigo 18, proclama a liberdade de pensamento, de consciência e de religião. «O cristianismo não ameaça o Islão na Argélia», disse a secretária de Estado francesa, acrescentando que «os cristãos na Argélia são 1% da população, ou seja, cerca de 11 mil e 500 pessoas, com 32 igrejas, diaante de 32 mil mesquitas». Rama Yade destaca que a prisão de Habiba Kouider não é o primeiro caso do género, lembrando o do padre católico francês Pierre Wallez, condenado em Abril pelo Tribunal de Recursos de Tlemen a dois meses de cárcere, com suspensão, por proselitismo. «Confio na tolerância do povo argelino», declarou a Secretária de Estado francesa para os Direitos do Homem. A imprensa argelina deu amplo espaço a estes últimos acontecimentos, evidenciando as dificuldades que enfrentam actualmente as comunidades cristãs na Argélia. Vinte e cinco destas comunidades foram intimadas a cessar toda a actividade. A lei argelina exige uma autorização para exercer um culto, inclusive o muçulmano: é necessário organizar-se em associação e pedir uma licença para a abertura de lugares de culto e para quem deve assegurar a oração.

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