Jubileu 2025: Papa apela a trégua global e defende perdão das dívidas de países pobres, como forma de reparação histórica

«Será excessivo sonhar que as armas se calem e deixem de difundir destruição e morte?» – Francisco

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 09 mai 2024 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje, na bula de proclamação do Jubileu 2025, a um cessar-fogo global e a um perdão das dívidas para os países pobres.

“Que o primeiro sinal de esperança se traduza em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra”, escreve Francisco.

O texto, intitulado ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude), anuncia solenemente o início e fim das celebrações do próximo Ano Santo, entre 28 de dezembro de 2024 e 6 de janeiro de 2026, naquele que será o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja.

O Papa lamenta que a humanidade se mostre “esquecida dos dramas do passado” e está de “novo submetida a uma difícil prova, que vê muitas populações oprimidas pela brutalidade da violência”.

Faltará ainda a esses povos algo que não tenham já sofrido? Como é possível que o seu desesperado grito de ajuda não impulsione os responsáveis das nações a querer pôr fim aos demasiados conflitos regionais, cientes das consequências que daí podem derivar a nível mundial? Será excessivo sonhar que as armas se calem e deixem de difundir destruição e morte?”.

O documento pontifício pede empenho da diplomacia para se “construírem, de forma corajosa e criativa, espaços de negociação em vista duma paz duradoura”.

Francisco lamenta ainda a “chaga escandalosa” da fome.

“Renovo o apelo para que, ‘com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares, constituamos um Fundo global para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres’”, insiste.

Tendo em vista o próximo Ano Jubilar, o Papa dirige-se aos responsáveis das nações mais ricas, para que “reconheçam a gravidade de muitas decisões tomadas e estabeleçam o perdão das dívidas dos países que nunca poderão pagá-las”.

“Mais do que magnanimidade, é uma questão de justiça, agravada hoje por uma nova forma de desigualdade de que se vai tomando consciência: com efeito, há uma verdadeira ‘dívida ecológica’, particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso desproporcionado dos recursos naturais efetuado, historicamente, por alguns países”, acrescenta.

Se queremos verdadeiramente preparar no mundo a senda da paz, empenhemo-nos em remediar as causas remotas das injustiças, reformulemos as dívidas injustas e insolventes, saciemos os famintos”.

Com a apresentação da Bula, que decorreu esta tarde na Basílica de São Pedro, Francisco anunciou oficialmente o Jubileu Ordinário de 2025.

O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro ano santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.

OC

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