Ano C – Solenidade da Santíssima Trindade

Contemplar a comunhão de amor

O Evangelho da Solenidade da Santíssima Trindade que hoje celebramos convida-nos a contemplar o amor do Pai, que se manifesta na doação e na entrega do Filho e que continua a acompanhar a nossa caminhada histórica através do Espírito. A meta final desta história de amor é a nossa inserção plena na comunhão com o Deus que é amor, família, comunidade.

O Espírito Santo aparece como presença divina na caminhada da comunidade cristã, como realidade que potencia a fidelidade dinâmica dos crentes às propostas que o Pai, através de Jesus, fez aos homens. A Igreja deve saber estar atenta, na sua caminhada histórica, às interpelações do Espírito Santo. Com a força do Espírito, deve captar a Palavra eterna de Jesus e deixar-se guiar por ela. Com a força do Espírito, deve continuar em comunhão com Jesus. Com a força do Espírito, deve responder às interpelações da história e atualizar a proposta de Jesus, face aos novos desafios que o mundo lhe coloca.

Dizer que há três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família – pai, mãe e filho – é afirmar três deuses e é negar a fé; inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três pessoas e é também negar a fé. A natureza divina de um Deus amor, família e comunidade expressa-se na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. O Deus família torna-se trindade de pessoas distintas, porém unidas. Chegados aqui, temos de parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue “dizer” o mistério de Deus. Resta-nos permanecer em contemplação ativa de Deus que nos ama e sobre nós derrama o seu amor.

Como diz a segunda leitura da Carta aos Romanos, «a esperança da glória de Deus não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado». Deus nunca desiste de nós, sempre soube encontrar formas de vir ao nosso encontro, de fazer caminho connosco. Apesar do nosso egoísmo, orgulho, autossuficiência e pecado, Deus continua a amar de modo gratuito e incondicional e a fazer-nos propostas de plena vida feliz.

Não será tempo de redescobrir Deus que nos ama na sua infinita misericórdia e de aceitar essa proposta de caminho que Ele nos faz? As nossas comunidades cristãs são realmente a expressão desse Deus que é amor e comunidade, na unidade do amor verdadeiro, que respeita a identidade e a diferença do outro, numa experiência verdadeira de amor, de partilha, de família, de comunidade?

Que a nossa resposta de vida aconteça na oração e na contemplação, no amor e no serviço, em plena comunhão de amor com a Trindade!

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

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