Angra: Diocese publicou livro sobre Beato João Baptista Machado, «um angrense dos Açores para o mundo»

Padroeiro principal da diocese é também «modelo e padrão dos jovens açorianos» que vão à Jornada Mundial da Juventude 2023

Angra do Heroísmo, Açores, 23 mai 2023 (Ecclesia) – A Diocese de Angra celebrou esta segunda-feira a memória litúrgica do Beato João Batista Machado, seu padroeiro principal, apresentando uma nova história biográfica destinada às crianças e jovens.

“À medida que as gerações se vão distanciando, a sua vida pode ficar no desconhecimento de uns e no esquecimento de outros. Para que tal não aconteça, fazia falta dar a conhecer ao público mais jovem o padroeiro da Diocese de Angra, dos emigrantes e missionários açorianos, e agora padroeiro, modelo e padrão dos jovens açorianos que participam nas Jornadas Mundiais da Juventude”, escreveu o vigário-geral da diocese, na nota de abertura da nova publicação, divulga o sítio online ‘Igreja Açores’.

O cónego Hélder Fonseca Mendes destaca a importância de perpetuar a memória de um dos “maiores” dos Açores, o beato João Baptista Machado, explicando que se fica a conhecer “de um modo simples e belo, pelo conteúdo e pela forma”, um jovem “nobre e bom, são e santo”, orgulho das suas gentes, “testemunha máxima do Evangelho, inspiração e estímulo para a fé cristã universal, sempre vivida localmente”.

‘João Baptista Machado, um angrense dos Açores para o mundo’, é o título da nova história biográfica sobre o padroeiro principal da Diocese de Angra, com textos do padre Nuno Pacheco de Sousa, pároco de Rabo de Peixe (ilha de São Miguel), e ilustrações da irmã Adelina Alves, da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (CONFHIC).

O padre Nuno Pacheco de Sousa realçou a “enorme capacidade de sonhar e de partir à aventura” de João Baptista Machado, que partiu de Angra “contra a vontade dos pais” e, como vivia entre os capitães-generais e a Companhia de Jesus (Jesuítas), “naturalmente, que esta sua ânsia de aventura passava justamente por dar a conhecer Jesus”.

Este livro, que tem como principais destinatárias as crianças e os jovens, foi apresentado esta segunda-feira, dia da memória litúrgica do beato açoriano, no Centro Cultural e de Congressos de Angra, com a presença de alunos do primeiro ciclo e do bispo diocesano, D. Armando Esteves Domingues.

‘João Baptista Machado, um angrense dos Açores para o mundo’ é uma edição conjunta da Diocese de Angra e da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, iniciativa do Serviço Diocesano da Pastoral da Cultura, através da delegação da Terceira, no ano pastoral 2015/2016; tem como objetivo “perpetuar” a memória do jovem missionário que é um dos mártires do Japão, morreu aos 35 anos de idade, a 27 de maio de 1617.

João Baptista Machado nasceu em 1582, na ilha Terceira (Açores), foi batizado na Sé de Angra, escola que frequentou até aos 15 anos, quando viajou para Lisboa.

Depois, foi para Coimbra, para estudar no colégio da Companhia de Jesus; com 15 jesuítas partiu para a Índia, em 1601, estudando Filosofia em Goa, onde também foi ordenado presbítero, e Teologia, em Macau; viajou como missionário para o Japão, em 1609, quando o imperador já tinha determinado que os missionários cristãos deviam abandonar o território.

O Papa Pio IX beatificou-o no dia 7 de maio de 1867, no grupo dos ‘Beatos Mártires do Japão’; o portal ‘Igreja Açores’ informa que existe uma comissão diocesana para a Causa da Canonização do beato que foi declarado protetor especial da Diocese de Angra, pelo Papa João XXIII, em 1962.

Por diligências do bispo D. João Maria Pereira de Amaral e Pimentel realizou-se “a primeira festividade pontifical em honra do glorioso mártir cristão beato João Baptista Machado”, a 30 de abril de 1876, na igreja do Colégio dos Jesuítas de Angra.

CB/OC

O Japão foi evangelizado pelo jesuíta São Francisco Xavier, entre 1549 e 1552, a pedido da Coroa Portuguesa, mas poucas décadas depois comunidade católica vivia uma dura perseguição: os primeiros mártires, encabeçados por São Paulo Miki (crucificados em Nagasáqui em 1597), entre os quais o português São Gonçalo Garcia, foram canonizados em 1862 por Pio IX.

Outros 205 católicos foram beatificados em 1867, entre eles João Baptista Machado, Ambrósio Fernandes (Porto), Francisco Pacheco (Ponte de Lima), Diogo de Carvalho (Coimbra) e Miguel de Carvalho (Braga), todos da Companhia de Jesus, Vicente de Carvalho (religioso agostinho), e Domingos Jorge (leigo, cuja esposa japonesa e filho também foram martirizados).

Os católicos que sobreviveram à perseguição tiveram de ocultar-se durante 250 anos, até a chegada de missionários europeus no século XIX.

 

 

 

 

 

 

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