Ainda não percebemos…

Padre Sobrinho Alves, Diocese de Bragança-Miranda

Fevereiro sombrio
Fevereiro triste
Mais logo vem a Quaresma,
nas entranhas da vida está a pandemia…
Mas que aconteceu?
A vida não era assim…
ou era, e não se via?!
A ciência respondeu depressa,
mas os hábitos criaram raízes
e não entendemos o quotidiano.
E nesta confusão de conflitos e interesses
ninguém sabe o que fazer…
Só sabemos que os mortos aumentam
e os vivos apodrecem de medo e pavor.
Noé construiu a barca e salvou-se ele e os seus.
Nós continuamos a olhar, a dissertar, a acusar
sem saber o que fazer…
Procuram-se culpados, mas não se encontram.
E continuamos desorientados
porque o problema vem de longe
um longe perdido no tempo
e no coração do homem:
Cada um procurando o seu lugar
o mais alto que for possível;
e mesmo perto do fim
discutindo ainda os centímetros.
Eloquência vazia…
o mais importante não é o que foi
mas sim o que há-de vir.
Em vez de se cortar o mal na mente e no coração
continua a lutar-se pela dinastia do poder.
Uns a morrer em catadupa
outros a berrar por mais um voto anulado
que não conseguiu o lugar desejado.
Se prestígio e poder são o bem comum
então está próximo o planeta dos macacos.
O que interessa
não é a ideologia abstracta
mas sim e principalmente
a história das pessoas
o seu nome, o seu rosto,
os seus problemas,
as suas necessidades,
as suas fragilidades
humanas, económicas e sociais.
Este sim é que é o problema…
Diz o Papa Francisco
“O serviço aos outros
nunca é ideológico,
porque nós não servimos ideias
mas pessoas” (em Cuba em 2015)
e continua:
“A importância dum povo,
duma nação, duma pessoa,
baseia-se sempre
no modo como se cuida
da fragilidade dos irmãos.”
E na última mensagem
para o dia das comunicações sociais
disse:
“é preciso gastar a sola dos sapatos”
para que a VERDADE seja conhecida.
Não podemos correr o risco de dizer e não fazer. (Mt.23,1)

Pe. Octávio Sobrinho Alves

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