Abusos Sexuais: Papa admite que Igreja tem «longo caminho a percorrer» e recorda caso que envolve Ximenes Belo

Francisco pede maior reflexão sobre casos que envolvem «adultos vulneráveis»

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 25 jan 2023 (Ecclesia) – O Papa disse que a Igreja tem um “longo caminho a percorrer” na gestão dos casos de abusos sexuais, assumindo falhas em casos como o de D. Carlos Ximenes Belo, ex-administrador apostólico de Díli.

“É um caso muito antigo, quando não existia a consciência de hoje”, admite Francisco, numa entrevista publicada hoje pela agência norte-americana ‘Associated Press’ (AP).

Em setembro de 2022, o Vaticano reconheceu publicamente a existência de “restrições disciplinares” a D. Carlos Ximenes Belo, desde 2020, após ter recebido acusações contra o bispo emérito.

O caso passou-se há quase 25 anos e voltou à atenção do público após uma reportagem da revista neerlandesa “De Groene Amsterdammer”.

“Quando, em setembro, houve revelações sobre o bispo de Timor-Leste, eu disse: ‘Sim, deixem que se torne público. Não o vou encobrir’”, declarou o Papa.

Francisco apelou a uma reflexão alargada sobre os casos de abusos com “adultos vulneráveis”.

“É possível ser vulnerável porque se está doente, ser vulnerável porque se têm incapacidades psicológicas e ser vulnerável por causa da dependência”, exemplificou.

“Às vezes há sedução. Uma personalidade que seduz, que manobra a sua consciência, isso cria uma relação de vulnerabilidade, e aí fica-se preso”, acrescentou.

O Papa deu o seu exemplo pessoal quando, na viagem ao Chile em 2018, desacreditou as vítimas de um padre abusador.

“Tive de acordar e reconhecer que havia encobrimento. Foi aí que a bomba explodiu [na minha cabeça], foi quando vi a corrupção de muitos bispos envolvidos nisso”, relatou.

A entrevista aborda ainda o recente caso do padre e artista jesuíta Marko Ivan Rupnik, acusado por várias mulheres consagradas de abuso sexual, espiritual e psicológico.

Francisco nega ter tido qualquer papel no tratamento do caso, explicando que decidiu intervir processualmente para manter as acusações das nove mulheres no mesmo tribunal que ouviu o primeiro grupo de acusações.

“Para mim, foi uma surpresa, de verdade. Uma pessoa, um artista desse nível. Para mim foi uma grande surpresa e uma ferida”, confessa.

OC

Proteção de Menores: Vaticano diz ter imposto «restrições disciplinares» a D. Carlos Ximenes Belo

 

 

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