«A Bíblia Manuscrita» continua

Balanço final mostra o sucesso da iniciativa O projecto “A Bíblia Manuscrita”, que colocou mais de 20 mil portugueses a copiar à mão os textos da Escritura um pouco por todo o país, foi considerado um sucesso pela Sociedade Bíblica Portuguesa (SBP), promotora da iniciativa, que assegura que a mesma continuará, noutros moldes, até Outubro de 2005. Nessa data, um exemplar desta obra será entregue à Biblioteca Nacional por ocasião da inauguração da exposição “A Bíblia e a Cultura Portuguesa”. “O livro mais lido do mundo é, em Portugal, o livro que o povo escreveu”, refere o coordenador geral do projecto, Alfredo Abreu. A decisão de prolongar a iniciativa foi tomada pela SBP depois de ter recebido pedidos de várias partes do país, que se sentiram “excluídas” da iniciativa por se encontrarem distantes dos 22 “scriptoria”, instalados nas capitais de distrito. Assim, já nos próximos dias 11 e 12 de Dezembro abrirá um “scriptorium” em Tarouca, por iniciativa da Câmara Municipal local. Alfredo Abreu dá conta de outras iniciativas estão a ser geradas no mesmo espírito de “A Bíblia Manuscrita”. “Por exemplo, segundo uma professora de Caminha que contactou a Sociedade Bíblica, a população local, inspirada na iniciativa nacional, escreverá à mão textos do Antigo e do Novo Testamentos relacionados com o nascimento de Jesus, que serão pendurados numa árvore de Natal em vez das tradicionais bolas e outros enfeites”, revela. Testemunhos A SBP refere que dos milhares de “copistas” e voluntários que fizeram história ao tornar possível a ideia de uma Bíblia escrita à mão, em Portugal e em pleno Século XXI, chegam todos os dias à Sociedade Bíblica relatos comoventes da forma como a “simples” transcrição de um texto milenar marcou profundamente pessoas de tantas idades, níveis de instrução e de convicções religiosas diferentes. A SBP apresenta ainda o que considera ser uma série de “improbabilidades” que se registaram num acontecimento público de âmbito nacional: • A Bíblia entrou na agenda dos media em novos moldes, tendo o pleno dos jornais televisivos do horário nobre feito directos da abertura de uma iniciativa relacionada com este livro dos livros • Nas mesmas páginas – no mesmo livro de Eclesiastes – escreveram o Presidente Jorge Sampaio e o primeiro-ministro Santana Lopes. • Todos os órgãos de soberania estiveram representados ao mais alto nível, com excepção do Supremo Tribunal de Justiça por razões de impedimento de saúde do seu Presidente • Na maior parte dos distritos e nas regiões autónomas a abertura do “scriptorium” local foi acompanhada de perto por Presidente de Governo Regional, presidentes de Câmara de todos os partidos políticos, governadores civis, reitores de universidades, bispos católicos e pastores protestantes, etc. • A Bíblia Manuscrita também foi à Universidade, onde estudantes e professores escreveram lado a lado, a hospitais, onde pacientes emocionados seguraram a mesma caneta que os seus médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar, e a estabelecimentos prisionais onde guardas e reclusos inscreveram os seus nomes juntamente neste imenso livro da vida. • Avós e netos, maridos e mulheres, motards e catequistas, católicos, evangélicos, adventistas e ateus, ricos e pobres, famosos e anónimos, políticos dos mais diversos quadrantes, patrões e empregados, no interior, no litoral e nas ilhas, músicos eruditos e músicos populares, todos passaram a ter os seus nomes no mesmo livro – A Bíblia Manuscrita • Gente – por vezes colegas e vizinhos – que antes se desconheciam e até desconfiavam das convicções um do outro, agora aguardavam na mesma fila pela oportunidade de escrever no mesmo pedaço de papel, da mesma mensagem, e até trabalhavam juntos, aprendendo a respeitar e apreciar o outro, felizes com a nova experiência • Foram feitos e emitidos cerca de uma dezena de programas televisivos relacionados com a Bíblia e A Bíblia Manuscrita, foram dados à estampa vários livros editados especialmente para o efeito, organizadas exposições, concertos, tertúlias e debates, conferências e cursos, etc. “A Sociedade Bíblica convida os órgãos de comunicação social portugueses, as instituições do conhecimento e da cultura, as igrejas e organizações religiosas de todas as confissões e a sociedade portuguesa em geral a reflectir sobre A Bíblia Manuscrita, a sua “improbabilidade”, o seu eventual impacto na paisagem cultural e espiritual do nosso país e das nossas gentes”, conclui Alfredo Abreu.

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