Óbito: D. Carlos Azevedo saúda coragem de D. Manuel Martins

Bispo emérito de Setúbal foi presidente da Fundação Spes, criada por D. António Ferreira Gomes

Lisboa, 26 set 2017 (Ecclesia) – O delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), D. Carlos Azevedo, prestou homenagem à coragem de D. Manuel Martins, falecido este domingo, aos 90 anos de idade.

“Não se resigna, intervém. Não implora auxílio do poder, exige o que os direitos requerem. Não adormece as consciências, desperta-as para se darem ao respeito. Não se contenta com reprovar, acusa e denuncia as injustiças. Não fala da pobreza, combate-a”, escreve o responsável português, numa nota divulgada através da sua página no Facebook.

Recordando a “profunda amizade” que o uniu a D. Manuel Martins, a quem sucedeu na presidência da Fundação Spes, sediada no Porto, D. Carlos Azevedo salienta “a fidelidade a si mesmo, ao Evangelho de Cristo e ao concreto das situações” como marcas da vida do falecido bispo.

Perante a realidade, "sem crivos ou filtros", D. Manuel Martins assumiu “com coragem a sua missão episcopal”.

A Fundação SPES foi criada, por testamento, pelo bispo do Porto D. António Ferreira Gomes, aquando da sua morte, ocorrida em 13 de abril de 1989, tendo nomeado como um dos seus administradores vitalícios D. Manuel Martins.

O atual presidente da fundação, José Ferreira Gomes, disse hoje à Agência ECCLESIA que também a Diocese do Porto ficou com a “marca” de D. Manuel Martins, como pároco e vigário-geral.

Já como primeiro bispo de Setúbal, chegou à região “numa altura muito difícil”, em 1975, de grave crise económica e instabilidade política, com “enormes dramas sociais”.

“A sua intervenção foi importante para a Diocese de Setúbal, para o país, e tornou-o uma enorme referência da Igreja, como bispo, e como cidadão preocupado com os mais frágeis, com as desigualdades e injustiças sociais”, refere José Ferreira Gomes.

O responsável considera que D. Manuel Martins antecipou “de alguma maneira”, a orientação que o Papa Francisco tem dado à Igreja Católica.

“Não há ninguém que não se sinta tocado por esta personalidade, muito simples, pela sua forma de intervenção”, conclui o presidente da Fundação Spes, instituição que vai “procurar honrar a memória de D. Manuel Martins”.

Manuel da Silva Martins bispo nasceu a 20 de janeiro de 1927, em Leça do Balio, concelho de Matosinhos; foi ordenado sacerdote em 1951, após a formação nos seminários do Porto, seguindo-se a frequência do curso de Direito Canónico na Universidade Gregoriana, em Roma.

Pároco da Cedofeita, no Porto, entre 1960 e 1969, D. Manuel Martins foi nomeado vigário-geral da diocese nortenha em 1969, antes de seguir para Setúbal.

D. Manuel Martins foi presidente da Comissão Episcopal da Ação Social e Caritativa, bem como da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo, na Conferência Episcopal Portuguesa; foi ainda presidente da Secção Portuguesa da Pax Christi e da Fundação SPES.

No dia 23 de abril de 1998, o Papa João Paulo II aceitou o seu pedido de resignação ao cargo de bispo de Setúbal.

O bispo emérito foi agraciado com a grã-cruz da Ordem de Cristo, durante as comemorações do 10 de junho de 2007, em Setúbal, e com o galardão dos Direitos Humanos da Assembleia da República, a 10 de dezembro de 2008.

HM/LFS/OC

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Agência ECCLESIA

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