Burquina Faso: «Alguns dos cristãos aceitam morrer. Muitos recusaram-se mesmo a tirar as cruzes que usam» – Bispo de Ouahigouya

D. Justin Kietenga assinala coragem dos fiéis, que enfrentam grupos armados

Foto: ACN

Lisboa, 05 ma5 2024 (Ecclesia) – O bispo de Ouahigouya denunciou à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) Internacional, numa conferência online, a ameaça terrorista sob a qual os cristãos vivem no Burquina Faso, com paróquias bloqueadas, fiéis assassinados e o acentuar da violência dos grupos armados.

“Alguns dos cidadãos aceitam morrer. Muitos recusaram-se mesmo a tirar as cruzes que usam. Em alguns locais, as mulheres cristãs foram obrigadas a cobrir-se, mas recusam-se a converter ao Islão. Tentam sempre encontrar outras formas de viver a sua fé e de rezar”, descreveu D. Justin Kietenga, assinalando a coragem dos cristãos face aos terroristas.

A 25 de fevereiro, a comunidade católica na aldeia de Essakane, Burquina Faso, sofreu um ataque terrorista, enquanto estava a ser celebrada a missa dominical, que matou pelo menos 15 cristãos, o que vem confirmar o ambiente de violência testemunhado no local.

Por vezes, pegam numa pessoa e matam-na à frente de toda a gente” – D. Justin Kientega

O responsável católico alerta que “não há liberdade de culto” em muitas regiões do país e que, em algumas aldeias, [os terroristas] permitem que as pessoas rezem, mas proíbem o catecismo”.

“Noutros locais, dizem aos cristãos para não se reunirem na igreja para rezar, o que leva muitos a irem-se embora. Na minha diocese, duas paróquias estão fechadas porque os padres tiveram de partir, e outras duas estão bloqueadas, ninguém pode entrar ou sair”, acrescenta.

O bispo adianta que “os terroristas chegam de moto às aldeias, reúnem as pessoas e dizem-lhes para não irem à escola para não obedecerem à administração pública, e instruem os homens para deixarem crescer a barba e as mulheres para usarem o véu islâmico”.

Em 2023, a AIS lançou um relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, que diz que “o impacto sobre a população civil tem sido catastrófico”.

“Mais de dois milhões de pessoas foram deslocadas, o que representa um aumento de mais de 7 mil por cento desde agosto de 2018”, isto é, uma das taxas que mais rapidamente cresceu no mundo, juntamente com Moçambique e Ucrânia, destaca a fundação pontifícia.

O relatório avança que “apesar dos esforços dos líderes religiosos para reforçar a coesão social e a tolerância religiosa, os grupos jihadistas estão a avançar e a ganhar poder”.

A AIS tem neste momento a decorrer a campanha ‘SOS Burquina Faso’ para apoiar os cristãos desta nação, através de donativos para a alimentação, cuidados de saúde, educação e apoio espiritual.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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