Ecumenismo: Irmão Alois indica «unidade» e «sinodalidade» como desafios para a Comunidade de Taizé

Prior da comunidade ecuménica, que deixa cargo em novembro, vai ser convidado especial da Assembleia do Sínodo dos Bispos, no Vaticano

Foto: JMJ Lisboa 2023/José Ferreira

Lisboa, 19 ago 2023 (Ecclesia) – O irmão Alois, prior da comunidade ecuménica de Taizé, considera que a sinodalidade proposta pelo Papa Francisco desafia os irmãos da comunidade a viver em “corresponsabilidade”, a continuar o acompanhamento aos jovens e a viver em “unidade”.

“A unidade começa a ser mais importante no mundo quando há mais divisões e poderes centrifugadores, que nos tiram espaço. Precisamos de momentos e lugares de unidade, também na Igreja católica, onde há tensões, mas com todas as pessoas do mundo. O que nos une é o batismo, e penso que esta realidade do batismo deve ser levada mais a sério. No batismo já há uma unidade, que não é perfeita, mas que nos é dada, e queremos mostrá-la e celebrá-la”, disse à Agência ECCLESIA.

A comunidade de Taizé, sediada em França, vai mudar de prior no primeiro domingo do Advento, a 3 de dezembro, passando essa função a ser exercida pelo irmão Matthew, natural do Reino Unido.

“18 anos depois de suceder ao irmão Roger, quando o mundo e a Igreja mudaram tanto nas últimas duas décadas, senti que tinha chegado a hora de transmitir a minha responsabilidade a um irmão que entrou na nossa Comunidade depois de mim”, indica o irmão Alois,  primeiro sucessor do fundador da comunidade ecuménica.

Antes de passar a responsabilidade da comunidade, o irmão Alois esteve em Portugal, durante a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, destacou que o maior desafio dos irmãos é “continuar de forma sinodal e mais profunda”.

“A corresponsabilidade é importante na comunidade: como é que todos os irmãos podem participar nas decisões importantes e caminhar juntos. O processo sinodal é um encorajamento para a Igreja e também para a comunidade de Taizé para continuar este caminho”, apontou.

O irmão Alois é um dos convidados especiais para a Assembleia do Sínodo que vai ter início a 4 de outubro, no Vaticano, e nos dias anteriores, o responsável dá conta de algumas iniciativas que querem dar corpo à intenção de “caminhar juntos”.

“É muito interessante que muitas Igrejas querem perceber o que se vai passar na Igreja católica e querem participar nisso. Estamos muito felizes que este acontecimento conjunto possa acontecer. No sábado à tarde, dia 30 de setembro, vamos caminhar rumo a São Pedro, mostrando que o Sínodo caminha com todos; vamos ter uma oração ecuménica com o Papa e com diferentes responsáveis de outras Igrejas e haverá atividades para jovens nesse fim de semana”, destaca.

Foto: JMJ Lisboa 2023/José Ferreira

Rejeitando a criação de um movimento aglutinador de jovens em torno de Taizé, o responsável indica que o convite é fazer os jovens regressar às suas Igrejas locais e ao mundo.

“A nossa preocupação é acompanhar os jovens às nascentes da fé. A fé torna-se um risco. Os jovens não querem seguir uma tradição mas assumir uma decisão pessoal na fé e a fé torna-se frágil. Temos que os ajudar a encontrar-se também com a tradição. Não podemos inventar a fé. Por isso queremos dizer aos jovens que há uma tradição na fé e que pode encontrar um lugar pessoal no compromisso com a Igreja e com outros”, conta.

Sobre experiências sinodais que vão acontecendo semana após semana na comunidade ecuménica, o irmão Alois fala em “passos” do que é mais importante: a peregrinação da confiança na terra que a comunidade experimenta há muitos anos com os jovens.

“A fé é uma realidade dinâmica. Não é algo que se possua, antes algo que cresce na vida. Como cristãos somos peregrinos e é o que procuramos viver em Taizé. É verdade que o processo sinodal precisa ainda de descobrir as estruturas necessárias para promover este caminho conjunto, e isso é uma questão adicional que os padres e as mulheres do sínodo devem responder”, reconheceu.

De acordo com a Regra de Taizé, cabe ao prior da Comunidade designar um irmão para assegurar a continuidade depois dele.

A escolha recaiu sobre o irmão Matthew, nascido a 10 de maio de 1965, em Pudsey (Reino Unido), que entrou na Comunidade de Taizé no dia 10 de novembro de 1986.

O irmão Alois nasceu no dia 11 de junho de 1954 em Ehingen am Ries, na Alemanha, e entrou na Comunidade de Taizé no dia 1 de novembro de 1974, tendo sido escolhido pelo irmão Roger para lhe suceder, facto que aconteceu a 16 de agosto de 2005.

LS

 

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Agência ECCLESIA

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