Vaticano: Papa quer «ir a Kiev, mas com a condição de ir a Moscovo»

Francisco assinalou que «não» fechou a porta e que o Vaticano tem um «desejo de servir a paz»

Foto La Nacion/Cristian Gennari

Cidade do Vaticano, 11 mar 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse que quer “ir para Kiev, mas com a condição de ir a Moscovo”, no âmbito da guerra no leste da Europa, numa entrevista sobre os 10 anos de pontificado, onde afirmou que a guerra o magoa.

“Eu quero ir para Kiev mas com a condição de ir a Moscovo. Eu vou aos dois lugares ou a nenhum; Não estou a dizer que é possível, não é impossível. Esperamos que consigamos, não há promessa, nada. Eu não fechei aquela porta”, disse o Papa, numa entrevista ao jornal argentino ‘La Nacion’ divulgada hoje.

Francisco recordou que no segundo dia da invasão foi à Embaixada da Rússia e ofereceu-se “para lá ir”, o ministro Lavrov “agradeceu muito, que eles levaram isso em consideração, mas no momento obviamente não”, e, neste momento, “o Vaticano está a fazer algo mais diplomático para ver se algo pode ser alcançado”.

A guerra na Ucrânia começou há mais de um ano, com a entrada de tropas russas nesse país a 24 de fevereiro de 2022, e no contexto do plano de paz apresentado pela República da China, e de outros possíveis, como do presidente do Brasil, Francisco explicou que o Vaticano não tem “um plano de paz”, mas “um serviço de paz”, um “desejo de servir a paz”.

O Papa explicou que não sabe se é possível uma reunião entre os presidentes da Ucrânia e da Rússia, mas acolherem no Vaticano “uma reunião mundial de delegados mundiais é plausível”, observando que há vários grupos e pessoas a trabalhar que “provavelmente se juntam e podem fazer alguma coisa” e o “Vaticano funciona”.

“A guerra magoa-me, eu quero dizer isso. A guerra magoa-me.”

O conselheiro principal do presidente ucraniano para a política externa, Ihor Zovkha, disse que o país deposita uma esperança na “sabedoria muito importante” do Papa Francisco e do Vaticano, para se chegar à paz, em entrevista à Rádio Renascença.

Foto Vatican Media

Francisco adiantou também que a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, pediu “uma audiência” mas adiou, por causa do “últimos bombardeios”, até ao “momento em que pudesse viajar”, e recordou que recebeu Vladimir Putin “três vezes, como chefe de estado”, e é um homem “culto”, conversaram “sobre literatura uma vez, não só fala russo, fala alemão perfeitamente, fala inglês”.

Questionado sobre se pode ser considerado um genocídio o que se passa na Ucrânia, o Papa começou por referiu que “é uma palavra técnica”, e lembrou o caso dos arménios com os turcos, “até que se certificou que foi genocídio”, mas “tecnicamente não saberia como defini-lo”.

“Mas, obviamente, quando as escolas são bombardeadas, quando os hospitais são bombardeados, quando os abrigos são bombardeados, a impressão não é tanto de ocupar um lugar, mas de destruir. A guerra tem uma série de regras éticas. Não gosto de falar de ética da guerra porque é uma contradição no termo; há vítimas inocentes, isso preocupa-me muito. Não sei se é genocídio ou não, as pessoas têm que definir bem, mas certamente não é uma ética de guerra a que estamos acostumados”, desenvolveu.

O Papa argentino foi eleito a 13 de março de 2013, comemoram-se os 10 anos na próxima segunda-feira, e Francisco lembrou, ao jornal argentino ‘La Nacion’, que “cada Papa enfrentou o problema de guerra, João Paulo II disse coisas muito claras e duras, mas hoje está claro que a guerra é global”.

CB

 

Ucrânia: 12 meses de mensagens do Papa, pelo fim de uma guerra que o fez chorar (c/vídeo)

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Agência ECCLESIA

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