Paquistão: «Somos tratados como cidadãos de terceira», lamenta dirigente cristão sobre as acusações de blasfémia

 Joel Amir Sohatra pede que União Europeia defenda a comunidade cristã e minorias religiosas no país asiático

Lisboa, 12 out 2021 (Ecclesia) – Joel Amir Sohatra, antigo membro do Parlamento Provincial do Punjab e militante cristão paquistanês, alertou para o abuso generalizado da Lei da Blasfémia e a facilidade em acusar alguém, a partir do exemplo do casal Shagufta Kausar e Shafqat Emmanuel.

“Graças a Deus, o nosso irmão Emmanuel e a nossa irmã Kausar estão finalmente numa zona segura. Em nome da comunidade católica, gostaria de expressar a minha gratidão e agradecimento especial à União Europeia pelos seus esforços especiais”, assinalou o dirigente cristão à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, o secretariado português da AIS explica que Shagufta Kausar e o marido Shafqat Emmanuel, acusados de blasfémia contra o Islão, foram recebidos num país da Europa, em agosto, depois de oito anos no corredor da morte no Paquistão.

O Tribunal Superior de Lahore decretou a inocência do casal cristão anulando a sentença de morte, após uma “batalha terrível” onde diversas organizações da Igreja e de defesa dos direitos humanos, entre as quais a Fundação AIS, defenderam a sua libertação.

Em 2013, Shagufta Kausar e Shafqat Emmanuel, que viviam com os filhos na missão da Igreja de Gojra, no Punjab, foram acusados de terem enviado mensagens de texto com conteúdo considerado blasfemo a um clérigo local, através de um telefone alegadamente registado em nome de Emmanuel, em 2013.

A fundação pontifícia recorda que foi provado na justiça que ambos são analfabetos mas o tribunal declarou-os culpados de blasfémia a 21 de julho de 2013.

Joel Amir Sohatra alerta para o abuso generalizado da chamada ‘Lei da Blasfémia’ e a facilidade com que é possível acusar alguém, mesmo através de mentiras ou calúnias.

Neste contexto, realça que a situação que se vive no Paquistão “é péssima”, por causa da “discriminação” que atinge as minorias religiosas, e que a “comunidade cristã enfrenta a pior das situações”, os cristãos estão a ser tratados “como cidadãos de terceira categoria”.

“Peço, em nome da comunidade cristã paquistanesa e das minorias religiosas, que, pelo mundo inteiro, sobretudo na União Europeia, ergam por favor a vossa voz”, disse o antigo membro do Parlamento Provincial do Punjab e militante cristão paquistanês, através da AIS.

A fundação pontifícia assinala que o casal Shagufta Kausar e Shafqat Emmanuel foi defendido por Saiful Malook, o advogado de Asia Bibi, a mulher cristã paquistanesa, mãe de cinco filhos, que também foi acusada de blasfémia, por ter bebido um copo de água de um poço, e depois de cerca de oito anos na prisão, foi libertada em 2018, pelo Supremo Tribunal do Paquistão, e agora vive com a família no Canadá.

No seu relatório sobre liberdade religiosa no mundo 2021, a AIS afirma que a religião no Paquistão “continua a ser uma fonte de discriminação e de negação de direitos”, a discriminação, a blasfémia, o rapto de mulheres e raparigas, e as conversões forçadas assombraram “a vida quotidiana das minorias religiosas”.

CB/OC

 

 

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Agência ECCLESIA

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