Igreja/Sociedade: Bispos portugueses pedem «atitude responsável e solidária» para travar pandemia (c/vídeo)

Presidente do episcopado destaca aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade social

Fátima, 14 nov 2020 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa apelou hoje, em comunicado, a uma “atitude responsável e solidária” da sociedade para travar o avanço da pandemia do país.

“Perante tanto sofrimento gerado pela pandemia da Covid-19, os Bispos de Portugal, na fé e na confiança, exortam à serenidade e esperança e à atitude responsável e solidária para evitar os contágios e ir ao encontro dos mais fragilizados, para que juntos possamos ultrapassar esta crise”, pediram os bispos católicos, no final da Assembleia Plenária do episcopal, que decorreu em Fátima.

Os participantes no encontro aprovaram na generalidade um documento sobre a ‘situação de pandemia e desafios pastorais para a Igreja’, que será divulgado “proximamente”.

D. José Ornelas, presidente da CEP, disse em conferência de imprensa que os bispos esperam que todos sejam “cautelosos e rigorosos”, rejeitando a ideia de uma “descristianização” por causa do menor número de participantes nas celebrações, durante a pandemia.

Foto Agência Ecclesia/Arlindo Homem, Conferência de Imprensa Assembleia Plenária CEP

O bispo de Setúbal destacou, em particular, a sua preocupação com a ausência de sessões presenciais de catequese e o afastamento dos mais novos das comunidades, realçando que a falta de contacto é “má para todos”.

“A Igreja não vive só à distância”, observou.

O responsável mostrou-se confiante na superação desta “realidade dolorosa”, desejando que ninguém fique “sozinho”, o que exige uma nova cultura de solidariedade.

O presidente da CEP deu como exemplo a questão das novas vacinas contra a Covid-19, sublinhando que estas “não são só para quem tem o poder de pagar”.

“Temos de pensar que preparação é que nós tínhamos para enfrentar desafios destes”, na saúde, nas famílias, na economia ou na ecologia, questionou.

Espero que o fim do vírus não signifique ‘business as usual’, mas seja uma ocasião para encontrarmos caminhos novos para a humanidade”.

O bispo de Setúbal identificou correntes de solidariedade “muito tocantes”, diante da pandemia, mas também “uma linguagem negacionista e populista”, que procura explorar a situação em benefício próprio.

A Assembleia da CEP aprovou as ‘Diretrizes sobre a Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis’, que “serão oportunamente divulgadas”, adaptando as orientações que existem, seguindo as “últimas recomendações da Santa Sé”, indicou D. José Ornelas.

Segundo o bispo de Setúbal, a “grande novidade que é a adaptação à realidade da situação portuguesa”, com atualização ao contexto e atenção “redobrada e necessária” à proteção dos menores e das pessoas com deficiência, nas instituições católicas, para promover uma cultura de “respeito e proteção”.

Para o responsável é necessário “criar uma cultura de prevenção de delitos, neste campo, e de segurança”, com formação dos agentes, dentro da Igreja e suas instituições.

Questionado sobre a quebra de receitas nas instituições católicas, D. José Ornelas disse que a principal preocupação não é tanto o seu normal funcionamento, mas a redução da capacidade de “assistir” as pessoas que mais precisam.

Foto Agência Ecclesia/Arlindo Homem

“Isso preocupa-me muito”, admitiu, sublinhando que “as pessoas que precisam de assistência aumentaram drasticamente”.

“Há muita necessidade e se o desemprego aumentar, vão aumentar muito o número de pessoas que precisam de ajuda”, acrescentou.

O comunicado da CEP aludiu ao  IV Dia Mundial dos Pobres, que a Igreja Católica celebra este domingo, realçando “a solicitude que todas as instituições da Igreja devem continuar a ter para com aqueles que se encontram em situação de pobreza, particularmente nesta difícil fase de pandemia”.

A 199.ª Assembleia Plenária da CEP decorreu em Fátima, de 11 a 13 de novembro, de forma parcialmente presencial, mas maioritariamente por videoconferência.

D. José Ornelas adiantou aos jornalistas que a entrega dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vai decorrer no próximo domingo, com a presença de uma “delegação reduzida” de Portugal, no Vaticano.

O bispo de Setúbal admitiu que a calendarização terá de ser adaptada, por causa da pandemia, desejando que estes símbolos possam percorrer o país e “mobilizar” os jovens para a participação na próxima edição internacional da JMJ, marcada para o verão de 2023, em Lisboa.

PR/OC

D. José Manuel Garcia Cordeiro foi eleito presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade, em substituição de D. Anacleto Oliveira, bispo de Viana do Castelo, recentemente falecido.

O padre Mário José Rodrigues de Sousa, da Diocese do Algarve, presidente da Associação Bíblica Portuguesa, foi nomeado como coordenador da Comissão da tradução da Bíblia, em substituição de D. Anacleto Oliveira.

 

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Agência ECCLESIA

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