D. João Lavrador apela à atuação do presidente da República
Angra, 22 fev 2020 (Ecclesia) – O bispo de Angra afirmou hoje que a despenalização da Eutanásia coloca “um problema civilizacional” que afeta o “o património mais importante” da civilização ocidental, a vida.
“Estamos diante de um problema civilizacional. Há quem esteja interessado em fazer uma desconstrução da nossa cultura e da nossa civilização” afirmou D. João Lavrador em declarações ao sítio da internet ‘Igreja Açores’ acrescentando que “cada um será responsabilizado pelos seus atos”.
Para o bispo de Angra, “é lamentável” que a Assembleia da Republica, “que devia ajudar a proteger a vida, que é o património mais importante que temos, se ponha a legislar ou a desamparar a realidade da vida com esta iniciativa”.
D. João Lavrador considera que a legitimidade do parlamento para decidir sobre a despenalização da eutanásia está ferida pela abstenção verificada nas últimas eleições.
“O parlamento tem legitimidade mas falta-lhe base de apoio popular”, afirmou.
O bispo de Angra deixa um apelo à atuação do presidente da República nesta matéria, reconhecendo-lhe “verdadeira legitimidade” para intervir no processo legislativo e afirma a necessidade da Igreja continuar ao lado de quem sofre.
“A Igreja não deixa de reconhecer o sofrimento de cada pessoa e tem de estar, como tem estado sempre disponível para oferecer solidariedade espiritual de forma a que as pessoas o possam superar”, sublinhou.
Para D. João Lavrador, “o sofrimento é o grande grito da condição humana” que “atinge todas as idades” e “deve interpelar”, na certeza de que “quem grita com o sofrimento não pede a morte”, mas “pede é para não sofrer”.
A Assembleia da República aprovou esta quinta-feira cinco projetos de lei – BE, PS, PAN, PEV e Iniciativa Liberal – que visam a legalização da eutanásia em Portugal.
Os cinco projetos vão agora ser analisados na respetiva comissão parlamentar, depois segue-se a votação final e é enviado para apreciação do Presidente da República.
O movimento “#simavida” quer apresentar ao Parlamento uma Iniciativa Popular de Referendo nacional sobre “a (des)penalização da morte a pedido” e está a promover uma recolha de assinaturas no âmbito do debate sobre a eutanásia.
PR
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