Missão: Instituto Mosaiko promove os direitos humanos e a cidadania em Angola

Frei Rui Marçal partilha o trabalho e a história que começou, institucionalmente, em 1997

Lisboa, 04 out 2019 (Ecclesia) – O frei Rui Marçal, da Ordem dos Pregadores – Dominicanos, afirmou que o Instituto Mosaiko “acabou por ser a primeira organização de direitos humanos em Angola” que “assume explicitamente” essa missão de promover os direitos humanos e a cidadania.

“A missão de promover e os direitos humanos e a cidadania apareceram-nos como um caminho necessariamente longo a trilhar mas para pensar aquela realidade para além de socorrer os feridos, enterrar os mortos, dar comida às pessoas deslocadas, a distribuir roupa, que era genericamente o que se fazia e ainda bem porque era necessário”, disse em declarações à Agência ECCLESIA.

O frei Rui Marçal explica que o Instituto Mosaiko, que começou institucionalmente em 1997, tem, “basicamente, seis vertentes de trabalho”, a começar pela “divulgação, informação”, porque “muita gente não tem acesso à informação” e, desde 2004, têm um programa sobre direitos humanos, na rádio Ecclesia de Angola.

“Creio que, neste momento, é o único programa sobre direitos humanos na rádio angolana”, assinala.

O frade Dominicano assinala que desde o início do instituto desenvolvem também um trabalho de “formação de líderes” e como “fruto começaram a surgir em várias zonas do país grupos locais de direitos humanos”, atualmente, a organização acompanha “cerca de 30 grupos em diversas zonas” de Angola.

“Tornou-se importante criar possibilidades que as pessoas mais pobres tivessem acesso à justiça porque quando há conflitos conversar sobre direitos humanos ou cidadania pode ser muito bonito mas depois o que é que muda. Temos advogados que trabalham connosco e fazem acompanhamento judicial, aconselhamento jurídico”, desenvolveu.

Segundo o frei Rui Marçal também se torna importante “fazer pesquisa social” orientada, por isso, procuram “estudar a realidade, as perceções das pessoas” e essa informação serve “de apoio e de suporte ao trabalho” mas é também “um instrumento de advocacia muito importante”.

A uma última vertente do trabalho do Instituto Mosaiko, que “é a caçula”, é o trabalho nas questões da iliteracia orçamental e do orçamento de Estado e “criar espaços e metodologias” que permitam uma aproximação, um diálogo, uma interação.

O entrevistado contextualiza que a Ordem dos Pregadores tem uma presença em Angola desde 1982, “uma pequena comunidade no interior, numa missão clássica”, e a ideia era desenvolver um tipo de trabalho que “permitisse anunciar o Evangelho aliando o estudo da realidade” num contexto que era de guerra.

A Igreja Católica está a viver um mês de outubro missionário extraordinário e, neste contexto, os católicos em Portugal o encerramento de um Ano Missionário Especial, convocado pela Conferência Episcopal Portuguesa.

Para o frei Rui Marçal, primeiro, a Igreja em Portugal tem que “ser missionária” no seu território, e “deve perguntar como é que a fé no Evangelho mobiliza para transformar aquilo que são contra valores do reino na sociedade portuguesa e europeia”.

“Ouço muitas dizer que querem ajudar, eu acho que quem quer ajudar normalmente atrapalha muito porque está preocupado com o seu sentimento de ajudar os outros”, por isso, o frade Dominicano costumo desafiar a ir “só viver”.

“Quem vive e aceita partilhar a vida ajuda de muitas maneiras, maneiras não estava à espera mas sobretudo não está focado em si”, desenvolveu o frei Rui Marçal.

LS/CB

 

Direitos humanos com a Mosaiko, em Angola – Emissão 03-10-2019

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Agência ECCLESIA

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