Defesa da vida, refugiados, ecologia, justiça social entre os temas abordados
Lisboa, 24 mai 2019 (Ecclesia) – Um conjunto de organizações católicas, portuguesas e internacionais, lançaram mensagens e apelos na preparação das Europeias 2019, centradas em temas como a defesa da vida, refugiados, ecologia ou justiça social.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou no início do mês a carta pastoral ‘Um olhar sobre Portugal e a Europa à luz da Doutrina Social da Igreja’, na qual propõe “a construção de uma sociedade mais justa e fraterna”.
O episcopado português realça o direito à vida na sua gestação e não esquece “a frequência dos atentados à vida dos nascituros, através do aborto, mesmo motivado por deficiência do feto”, e o direito “à vida da parte dos idosos”, o direito a viver até ao fim, considerando que “a eutanásia atenta contra a inviolabilidade da vida humana”.
Carta pastoral ‘Um olhar sobre Portugal e a Europa à luz da Doutrina Social da Igreja’ |
O Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) escreveu aos candidatos às Eleições Europeias com questões relacionadas com as migrações, apelando ao “voto consciente e informado”.
“O Parlamento Europeu desempenha um papel crucial na vida dos refugiados, requerentes de asilo e migrantes forçados, influenciando de maneira determinante o processo de tomada de decisão em matérias que lhes dizem respeito, pelo que é fundamental saber quais são as respostas que os candidatos ao Parlamento Europeu se propõem a dar”, pode ler-se.
A Comissão Nacional Justiça e Paz considera que “só uma União Europeia coerente com os valores da paz” pode “suscitar a confiança” e pede aos 21 deputados de Portugal que não transformem o continente “numa fortaleza”.
“É nossa firme convicção que só uma União Europeia coerente com os valores da paz, do respeito pelos direitos humanos e da justiça social pode suscitar a confiança, o entusiasmo e a mobilização de todos os europeus”, observa o documento.
A Cáritas Portuguesa apela à mobilização de todos para as próximas eleições europeias, marcadas para domingo, destacando que “o contributo de todos através do voto é fundamental para que a comunidade de países possa prosseguir no caminho de uma Europa unida pelo reforço do espaço de liberdade, paz e justiça social”.
A Cáritas Europa, por sua vez, pede aos candidatos que procuram a eleição para o Parlamento Europeu que defendam “os valores” e “os interesses” da família.
“A União Europeia e os seus Estados-Membros precisam de políticas mais favoráveis à família enquanto célula básica e pilar essencial de qualquer sociedade justa, com um mercado de trabalho inclusivo e onde haja mecanismos adequados de proteção social”, refere uma nota da organização católica.
A Associação dos Juristas Católicos apelou ao voto, pedindo aos partidos políticos que “apresentem e esclareçam as suas propostas”, em especial, as “defesa da dignidade da pessoa humana”.
“Este ‘despertar das consciências’ tem de passar por um juízo crítico sobre as propostas apresentadas pelos partidos – o que simultaneamente pressupõe que os partidos apresentem e esclareçam lealmente as suas propostas em todas as matérias relevantes, em especial as mais diretamente ligadas à defesa da dignidade da pessoa humana”, escreve a associação.
A Fundação Fé e Cooperação analisou os manifestos eleitorais e, à luz dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, desenvolveu uma série de recomendações no âmbito da ação climática, do comércio justo e das políticas agroflorestais.
Esta iniciativa surge no âmbito do projeto EUROPA + JUSTA, desenvolvido pela FEC em parceria com a Associação Casa Velha, que integra o programa Trade Fair Live Fair, promovido pela Fair Trade International com financiamento da Comissão Europeia, em sinergia com o projeto Juntos pela Mudança II, cofinanciado pelo Camões, I.P.
O Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa (MTCE) espera que as próximas eleições europeias tragam um maior “compromisso político” na busca de um setor laboral mais justo e equitativo.
O movimento católico internacional ‘Pax Christi’ alertou, por sua vez, para o aumento dos discursos populistas e nacionalistas na Europa, apelando à manutenção de um projeto comunitário fundado na solidariedade.
“Políticos com programas nacionalistas e populistas rejeitam a ideia de diversidade e cooperação europeia, em vez de permanecerem abertos e tolerantes e de enfrentar os desafios europeus de forma conjunta, como é necessário”, assinala um manifesto das organizações ligadas ao movimento de paz católico, incluindo o secretariado português.
OC
“Manter viva a realidade das democracias é um desafio deste momento histórico, evitando que a sua força real – força política expressiva dos povos – seja removida face à pressão de interesses multinacionais não universais, que as enfraquecem e transformam em sistemas uniformizadores de poder financeiro ao serviço de impérios desconhecidos. Este é um desafio que hoje vos coloca a história”
Papa Francisco, em discurso no Parlamento Europeu, Estrasburgo, 25.11.2014 |