70×7: Programa «marcou profundamente» a imagem da Igreja Católica no pós-25 de abril (c/vídeo)

José Lopes Araújo, da RTP, destaca «uma nova visão» da posição dos católicos na sociedade e diz que o padre António Rego é «uma figura marcante» na história da relação da Igreja com os média

Lisboa, 19 out 2019 (Ecclesia) – O diretor Institucional da RTP José Lopes Araújo afirmou que o programa ‘70×7’ “marcou profundamente” a imagem da Igreja Católica no pós-25 de abril, “período de consolidação da democracia em Portugal”, e mostrava “uma nova visão” da sua posição na sociedade.

“Imagem dos portugueses, do lado humano, dos seus dramas sociais, os problemas, do quotidiano, da sua atividade laboral. É uma nova visão da posição da Igreja na sociedade e isso foi dado pelo 70×7 saindo do estúdio, indo ao encontro das pessoas, percorrendo o país, na prática ao encontro dos cristãos e não cristãos”, disse em declarações à Agência ECCLESIA.

Lopes Araújo

Lopes Araújo realça que a presença religiosa da Igreja Católica antes do 25 de abril de 1974 “era muito formal”, com um formato de programas religiosas feitos, por exemplo por D. António Ribeiro, que “era bastante formal, em estúdio, pouco moderno na forma de tratar, muito tradicional”.

“A verdade é que se nos situarmos no tempo, logo no pós-25 de abril, na revolução, a Igreja tinha uma marca, uma imagem, eventualmente injustamente, de alguma ligação ao poder antes do 25 de abril, ao poder da ditadura”, acrescentou.

Segundo o entrevistado, o programa ‘70×7’, há 40 anos em emissão na televisão pública, abriu também, “de alguma forma”, a Igreja Católica a um certo ecumenismo, “ao encontro de outra crenças, de outras religiões, de outra tradições”, mostrando que “não se fecha, não se isola, mas é aberta a outra credos e convivências”.

Neste contexto, o diretor Institucional da RTP destaca que o profissionalismo do Cónego António Rego que “consegue” criar um espaço religioso que vai para além da Igreja Católica, que “se abre a outras confissões e se mantém na RTP”, e é “uma figura marcante na história da Igreja no pós-25 de abril e da sua relação com os média”.

O sacerdote jornalista já tinha sido o autor do programa ‘Andar faz caminho’, nos Açores, e trabalhava na Rádio Renascença, a emissora católica, antes do 25 de abril.

Na geração de José Lopes Araújo, o padre Rego “é visto como um profissional de grande qualidade” na televisão e na rádio, “mais do que como um sacerdote”, “um estilo de camaradagem com os colegas e profissionais que o credibilizou quando saía com uma equipa de reportagem”.

A “credibilidade” do’70×7’ resultou do programa mas “muito” do sacerdote açoriano “como profissional”, que começa a fazer programas de televisão na RTP “de uma forma absolutamente moderna, com uma mensagem claramente pós-conciliar (Concílio Vaticano II), de maior abertura”.

“Mostrando uma Igreja diferente, mais moderna, virada à sociedade, essencialmente uma presença muito humana. Esse novo discurso da Igreja através dos média foi decisivo para a criação de uma nova imagem pós-revolução e no Estado democrático. Acho que esse papel ainda está por reconhecer”, desenvolveu o diretor Institucional da RTP.

A primeira emissão do programa ‘70×7’ foi no dia 21 de outubro de 1979, depois do primeiro ano como programa quinzenal passou a ser emitido todas as semanas, em novembro de 1980.

Este domingo, o ‘70×7’, que passa na RTP2, às 17h45, assinala os 40 anos de emissão na RTP com depoimentos dos fundadores do programa, António Rego e Manuel Vilas Boas, e a análise de Carlos Capucho e José Lopes Araújo.

O presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa assinala também 40 anos do programa 70×7 com uma mensagem.

HM/CB/PR

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