2024: Máquinas e o desenvolvimento tecnológico podem constituir «grande risco para as atuais e futuras gerações» – Bispo da Guarda

D. Manuel da Rocha Felício abordou, na primeira Eucaristia do ano, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz

Foto: Diocese da Guarda

Guarda, 02 jan 2024 (Ecclesia) – O bispo da Guarda alertou esta segunda-feira para o “grande risco para as atuais e futuras gerações” que as máquinas e o desenvolvimento tecnológico a elas associado constituem “se deixarem de ser controladas pela sensatez humana”.

Na homilia da Missa a que presidiu na Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, D. Manuel da Rocha Felício lembrou a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2024, sobre a “Inteligência Artificial e paz”, evocando as “tantas crianças e outras pessoas que sofrem, neste momento, os horrores da guerra”, destacando o “sem sentido” dos conflitos, pois deles ninguém sai vencedor, “mas todos vencidos”.

É esta insensatez, ligada ao negócio das armas e largamente instalada nas mentalidades de muitos senhores do mundo que temos de denunciar e reprovar”, afirmou o bispo diocesano, que defende que a insensatez é ainda mais intolerável, quando às máquinas de guerra se associam tecnologias avançadas, algumas das quais começam a sair do controlo imediato das mentes humanas”.

D. Manuel da Rocha Felício defendeu a educação “o mais generalizada possível sobre este assunto e assim, sobretudo as gerações mais novas cresçam no espírito crítico e na capacidade de discernir sobre o uso das muitas potencialidades da inteligência artificial”: “Aqui está principalmente a responsabilidade das escolas, incluindo as universidades e também as sociedades científicas.

“Neste primeiro dia do ano, rezamos com o Papa Francisco para que a inteligência artificial, em vez de aumentar as desigualdades e as injustiças, possa contribuir para pôr fim às guerras e aliviar o sofrimento de tanta gente; e assim possamos aproveitar as vantagens da chamada revolução digital para que o nosso legado às gerações futuras seja o de um mundo mais solidário, justo e pacífico”, apelou, na Sé da Guarda.

Há que tomar as devidas cautelas para que este instrumento, de facto, novo, seja sempre e só usado para promover o desenvolvimento humano integral e o máximo aproveitamento dos recursos naturais, com o devido respeito pela casa comum de todos os seres humanos, incluindo as futuras gerações”.

Na primeira Eucaristia do ano, o bispo diocesano não esqueceu os dois eventos da vida da Igreja que vão pedir aos diocesanos a atitude de partir com os pastores: a preparação e a realização do V Congresso Eucarístico Nacional, a realizar-se em Braga, e a segunda sessão da assembleia do Sínodo.

“Importa encontrarmos formas de escutar também o mundo em que nos encontramos, procurando discernir os sinais de Deus ou sinais dos tempos que nele estão presentes e, embora discretamente, nos interpelam. De facto, o caminho da sinodalidade é aquele que mais há-de contribuir para a qualidade de vida das comunidades cristãs”, informou.

No final da mensagem, D. Manuel da Rocha Felício abordou o tema das eleições legislativas e frisou que “segundo indicadores credíveis recentemente publicados, [as gentes] estão muito desiludidas com a classe política”.

[Cidadãos] não podem permanecer de braços cruzados, à espera que outros decidam por eles, mas empenhar-se no conhecimento e no diálogo sobre as várias propostas que hão de ser sufragadas. Temos pela frente problemas incontornáveis que têm de ser encarados com coragem, como sejam os ligados ao mundo da saúde, ao da educação ou da proteção social, sem se esquecer o custo de vida que cresce em ritmo galopante e, se não for controlado com medidas capazes, vai colocar cada vez mais pessoas em situação de grande dificuldade”.

“Confiamos à proteção da Santíssima Virgem, que hoje invocamos com o título de Santa Maria Mãe de Deus, o novo ano de 2024, pedindo, por sua intercessão, para ele a especial bênção de Deus”, concluiu, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.

LJ/OC

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