2024: «É necessário «superar a forma ‘feroz’ e ‘guerreira’ (ou ‘trauliteira’) de fazer política»

Bispo de Bragança-Miranda referiu-se às «guerras absurdas» e apelou à participação nos «importantes atos eleitorais» que se aproximam

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Bragança, 02 jan 2024 (Ecclesia) – O bispo de Bragança-Miranda referiu-se na homilia da Missa de Ano Novo às “guerras absurdas” que estão a acontecer, apelou à participação nos atos eleitorais previstos para 2024 e disse que é necessário superar a forma “trauliteira” de fazer política.

“Trata-se de superar a forma ‘feroz’ e ‘guerreira’ (ou ‘trauliteira’) de fazer política e voltar a dar confiança e esperança às pessoas”, afirmou D. Nuno Almeida, na catedral de Bragança-Miranda.

Na Missa celebrada ao fim da tarde do primeiro dia de 2024, o bispo de Bragança-Miranda disse que é necessário “globalizar a fraternidade” e “a participação e a representatividade política devem ter como ponto de referência a sociedade inteira e todas as suas componentes”.

D. Nuno Almeida referiu que a “busca da solução para os gravíssimos problemas atuais”, nomeadamente a “habitação, saúde, escolas, precariedade laboral, pessoas que trabalham e não deixam a pobreza” deve ser encontrada através da cooperação de “todos os sujeitos da sociedade”.

“A partir da experiência da comunhão, ou fraternidade, são possíveis – mesmo nos atuais partidos políticos – novas experiências, novos modos de expressão de consenso, e caminhos inéditos para a elaboração de propostas e programas que envolvam toda a sociedade”.

O bispo de Bragança-Miranda referiu-se aos “diversos e importantes atos eleitorais” previstos para 2024, pedindo que “ninguém fique indiferente” ao dever de cidadania, e questionou se “os partidos atuais são verdadeiramente representativos da vontade dos cidadãos”.

“São verdadeiramente intérpretes do “bem comum” como é sentido pelo povo? Conseguem convergir na defesa dos valores comuns da humanidade:  morais, de legalidade, de defesa dos mais frágeis, de respeito pela natureza, da valorização e proteção da vida humana desde o seu início até ao seu fim natural, etc.? Será que os partidos políticos se assumiram somente como estruturas para a conquista e conservação do poder político?”, questionou D. Nuno Almeida.

O bispo de Bragança-Miranda referiu-se à “noite do mundo” em que domina a “nefasta atração pela morte, palpável na guerra, mas também no aborto e na eutanásia”.

“Tudo nos aparece sem Deus, sem pessoas, sem rosto e sem rumo, sem irmão, sem irmã, tudo à medida sem medida da idolatria do ‘eu’, que julga poder dispor de uma soberania e autonomia sem limites, sem sequer se aperceber dos deserdados e abandonados que já perderam a soberania e a quem já roubámos a autonomia, e que vamos atirando para o sótão das inutilidades”.

No Dia Mundial da Paz, D. Nuno Almeida denunciou as “guerras absurdas que destroem violentamente uma parte da Europa, do Médio Oriente, da África” e “cujos estilhaços se fazem sentir um pouco por toda a parte”. “Guerras absurdas, porque não se trata de guerras entre dois exércitos para tal preparados e armados. Trata-se de lançar, cruel e violentamente, a estupidez que nos habita sobre populações humanas pacíficas, normais, que nada tem a ver com tamanha, incomensurável e incompreensível cegueira totalitária”.

Na homilia da Missa de Ano Novo, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz, o bispo de Bragança-Miranda sustentou que “a sede de paz transforma-se num grito imenso que há de com certeza atingir o céu”.

PR

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