O futuro Museu Municipal de Viseu, em fase de estudo, deverá ter um núcleo dedicado aos Caminhos de Santiago, à semelhança do que acontece já na Galiza (Espanha), defendeu no passado sábado, o docente da Universidade Católica Portuguesa, Henrique Almeida. «O fenómeno da peregrinação, concebido na sua dimensão histórico-cultural, pode ser objecto de dinamização museológica, com uma vertente focalizada no território das Beiras e em particular no concelho de Viseu», propôs o docente, durante o III Congresso Internacional dos Caminhos de Santiago, a decorrer em Viseu. Para isso, considera ser «necessário planificar um discurso expositivo com recurso às referências culturais e aos conteúdos» que aumente os conhecimentos sobre a realidade da rota jacobeia, «investindo, por exemplo, na cartografia dos Caminhos, em painéis didácticos, reproduções e suportes multimédia». Henrique Almeida propôs igualmente a criação de «um pequeno centro de investigação, com a singularidade de poder reunir um fundo documental pioneiro à escala nacional». Referiu que o funcionamento de algumas instituições museológicas galegas pode servir de modelo de análise, nomeadamente os Museus Catedralicio e Diocesano de Tui, o Museo Provincial de Pontevedra, a Casa Museo de Rosália de Castro e o Museu Parroquial de Iria Flavia, que «respondem, de diferente modo, a essa missão». O docente disse que terá de ser feito «o levantamento do património edificado, captando testemunhos ligados à hagiografia e à toponímia», sendo que «muitas localidades assinalaram o itinerário da peregrinação elevando pequenas ermidas, igrejas, cruzeiros ou simples alminhas, para tornar o culto do santo mais conhecido».