VIANA DO CASTELO: Templo de Santa Luzia

O Templo-Monumento glorifica o nome de Santa Luzia, advogada da vista a quem o Capitão de Cavalaria Luís de Andrade e Sousa recorre, na extinta capela de Santa Luzia, acometido de uma grave oftalmia. Já convalescido, institui a Confraria de Santa Luzia, como forma de gratificar a graça recebida.

Contudo, é o Sagrado Coração de Jesus o padroeiro do monumento, cuja devoção dos vianenses já vinha desde 1743. Mas foi durante a pandemia da Pneumónica, corria o ano de 1918, que a cidade, chorosa pelos seus entes queridos que haviam perecido, e aterrorizada com a violência de tal flagelo, se consagrou ao Sagrado Coração de Jesus, prometendo subir anualmente em peregrinação ao Monte de Santa Luzia se a pneumónica não ceifasse mais nenhuma vida. Cessada a mortandade, os vianenses fizeram jus ao prometido e, em 1921, rumaram monte acima onde, desde 1904, se construía o templo. Tal promessa ainda hoje se cumpre, no domingo mais próximo da festa litúrgica do Sagrado Coração de Jesus.

Imbuídas neste espírito, já se realizavam peregrinações, embora sem calendário, desde o século anterior. Foi precisamente durante uma dessas piedosas romagens, por ocasião das Festas d’Agonia de 1894, que o Padre Dias Silvares lançou a ideia de erigir no alto do monte uma estátua ao Sagrado Coração de Jesus, que abençoasse a cidade de Viana do Castelo, o Minho e toda a Nação. Tal proposta foi logo entusiasticamente acolhida, e na mesma altura indicado e admitido o nome do escultor minhoto Aleixo Queiroz Ribeiro para executar a dita obra.

Daí ao Templo-Monumento foi só um passo. Depois de executada a monumental e artística coluna que haveria de servir de suporte à estátua, verificou-se que a mesma não conseguiria suportar a sua posição fortemente inclinada para frente. Então, a estátua foi colocada num pedestal em frente à dita capelinha de Santa Luzia, que só seria demolida em 1926. Aproveitando a majestosa coluna, Miguel Ventura Terra, um dos maiores arquitectos do seu tempo, idealizou uma coluna igual para as implantar diante do templo a construir e servir de suporte a dois anjos. Entre essas duas colunas, Ventura Terra riscou o projecto de um magnífico templo, cuja beleza e magnificência é apenas igualável pela paisagem onde este se insere.

As obras de construção iniciaram-se em 1904, tendo-se desenvolvido animadamente até à proclamação da República, data a partir da qual esmoreceram como consequência do conturbado contexto político e social, e ainda mais abrandaram durante a I Guerra Mundial. Entretanto, o arquitecto Miguel Nogueira, que tinha sido aprendiz de Ventura Terra, assume a direcção das obras no ano de 1925, ficando encarregue de concluir o projecto do seu Mestre, devido ao falecimento deste. No ano seguinte deu-se por concluída a capela-mor do templo, tendo sido aberta ao culto pelo Arcebispo e Senhor de Braga e Primaz das Espanhas. As obras do exterior do templo concluíram-se no final do ano de 1943, e as do interior em 1959. O resultado é uma imponente mole granítica cinzelada e executada pelos mestres canteiros da região dirigidos por Emídio Pereira Lima.

Arquitectonicamente, o edifício apresenta uma planta centrada em cruz grega, de raiz bizantina. À mesma matriz vai buscar a enorme cúpula que coroa o edifício, bem como as pequenas cúpulas que encabeçam as quatro torres, estas já inspiradas no estilo românico, assim como a decoração que serpenteia pela fachada do edifício. De gosto gótico são as enormes rosáceas, as maiores da Península Ibérica, emoldurando os belos vitrais que inundam com luz e cor o interior da igreja. Aqui dentro, dois anjos, da autoria de Leopoldo de Almeida, oferecem os escudos de Portugal e de Viana do Castelo ao Sagrado Coração de Jesus, uma réplica da estátua bronze da entrada, esculpida em mármore de Vila Viçosa por Martinho de Brito. A atenção popular e a devoção dos vianenses é dirigida à imagem do Sagrado Coração de Jesus que veio do convento dos Crúzios, e para imagem de Santa Luzia que, juntamente com a da Senhora da Abadia, vieram da capela que antecedeu o templo. E, já que falamos de imagens, a de Nossa Senhora de Fátima merece atenções especiais por parte do povo crente, tanto lusitano como galego.

O altar-mor em granito e mármore, e os altares laterais, dedicados a Santa Luzia e à Senhora da Abadia, foram esculpidos pela mão de Emídio Lima, assim como os púlpitos de linhas ondulantes, cujo desenho é de Miguel Nogueira. As três rosáceas foram executadas pela oficina lisboeta Ricardo Leone. Os frescos que rodeiam a ábside da capela-mor e a cúpula da mesma, representam respectivamente, parte das estações da Via-Sacra e a Ascensão de Jesus, da autoria de Manuel Pereira da Silva, natural de Avintes, Vila Nova de Gaia. E, finalmente, o sacrário de prata foi cinzelado pelo mestre ourives portuense Filinto Elísio de Almeida.

Hoje, admirável a quilómetros de distância, é um incontornável ponto de referência da região, e um forte motivo de orgulho para a cidade que o ergueu.

 

 

 

 

 

Horários:

O Templo-Monumento está aberto todos os dias, no seguinte horário:

§  Inverno – das 8h00 às 17h00

§  Verão – das 8h00 às 19h00

Cafetaria/Bar

§  Inverno – das 9h00 às 17h00

§  Verão – das 9h00 às 18h00

Casa das Estampas (Loja de Recordações)

§  Inverno – das 9h00 às 17h00

§  Verão – das 9h00 às 18h00

 

É possível subir ao ponto mais alto do edifício (Zimbório) e também a um ponto intermédio, nestes espaços pode contemplar ainda melhor o panorama que foi considerado pela National Geographic Magazine como um dos melhores do mundo.

 

Como chegar

O acesso a este Santuário pode ser feito a pé, de carro, ou pelo Funicular de Santa Luzia. Quem optar por ir a pé,  tem também o escadório com 659 degraus; optando pelo funicular fará um percurso de 650m, vencerá um desnível de 160m, e realizará uma agradável viagem com a duração de 7 minutos.

www.templosantaluzia.org

 

Confraria de Santa Luzia

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