Vaticano: «Uma biblioteca e um arquivo são antídotos para a amnésia» – D. José Tolentino Mendonça

Cardeal português destaca que as sociedades do futuro vão «valorizar cada vez mais o conhecimento»

Cidade do Vaticano, 23 mar 2021 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça afirmou que uma biblioteca e um arquivo “são antídotos para a amnésia” e explicou que estas duas instituições têm feito, no Vaticano, “todo o possível” para “atenuar o impacto desta gravíssima crise sanitária”.

“Para compreender a vocação e a missão destas instituições seculares, talvez a coisa mais correta a fazer seja voltar à centralidade da dimensão da memória na vida da Igreja. A Igreja realmente baseia sua existência na memória histórica e sacramental dos gestos e das palavras de Jesus”, disse o cardeal português.

D. José Tolentino Mendonça acrescenta que a Igreja é “ainda mais vital” quando está consciente da memória viva que “bate dentro dela e assegura sua continuidade”, numa entrevista de apresentação da Biblioteca e do Arquivo Apostólico do Vaticano ao portal de informação da Santa Sé.

“Uma das missões fundamentais da Biblioteca Apostólica, por exemplo, é a de preservar alguns dos mais antigos testemunhos da tradição manuscrita das Sagradas Escrituras: só isto seria suficiente para considerá-la como o coração da Igreja, mas, como o Papa Francisco nos lembrou, na sua Biblioteca correm ‘dois grandes rios, a palavra de Deus e a palavra dos homens’”, desenvolveu.

No contexto da pandemia de Covid-19, D. José Tolentino Mendonça assinalou que o arquivo e a biblioteca apostólica do Vaticano nunca fecharam, mesmo que “por alguns meses” não pudessem receber pessoas.

“Os pedidos de todos os que, impossibilitados de vir fisicamente à sede histórica da Biblioteca e dos Arquivos, nos escreveram para obter informações ou cópias de materiais, foram satisfeitos”, explica o arquivista e bibliotecário da Santa Sé, referindo que o esforço que fazem tem sido “amplamente reconhecido”.

No âmbito da evolução tecnológica, D. José Tolentino Mendonça explica que se está a viver “dentro de uma grande mudança epocal” que, certamente, terá um “impacto irreversível” sobre o mundo das bibliotecas e arquivos e destaca como positivo que “as sociedades do futuro vão valorizar cada vez mais o conhecimento”.

“Isto significa que o património que representamos é um componente obrigatório do futuro. Por enquanto, muitas questões permanecem em aberto, tanto no que diz respeito à preservação das novas modalidades de comunicação humana quanto às formas de construção do próprio conhecimento”, acrescentou.

O colaborador do Papa  assinala ainda que o projeto de uma biblioteca virtual começou há “mais de uma década e continua a progredir”.

“Contém, com a possibilidade de acesso livre, cerca de 20% dos manuscritos que a biblioteca física possui”, acrescentou, na entrevista ao portal ‘Vatican News’.

Sobre o Arquivo Apostólico, D. José Tolentino Mendonça realça que é necessário responder “com responsabilidade aos desafios do futuro” e continuam a realizar “importantes projetos de digitalização”, de documentos e inventários.

CB/OC

 

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