Vaticano: Primeira Missa do ano evocou Bento XVI e rezou pelas vítimas da guerra

Francisco sublinhou necessidade de «esperança» para 2023, convidando todos a «sujar as mãos na realização do bem»

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 01 jan 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco evocou hoje no Vaticano o falecido Bento XVI e rezou pelas vítimas das guerras, na primeira Missa de 2023, assinalando a solenidade litúrgica de Santa Maria, Mãe de Deus.

“No início deste ano, temos necessidade de esperança, como a terra tem de chuva. O ano, que se abre sob o signo da Mãe de Deus e nossa, diz-nos que a chave da esperança é Maria, e a antífona da esperança é a invocação Santa Mãe de Deus”, disse, na homilia da celebração, com a participação de 5 mil pessoas e transmissão online.

“Hoje, confiemos à Mãe Santíssima o amado Papa emérito Bento XVI, para que o acompanhe na sua passagem deste mundo para Deus”, acrescentou, um dia após o falecimento do seu predecessor, aos 95 anos, no antigo mosteiro ‘Mater Ecclesiae’, onde residia desde a sua renúncia ao pontificado, em 2013.

O Papa Francisco convidou os participantes a rezar “de modo especial” por todos os que “sofrem e já não têm a força de rezar, por tantos irmãos e irmãs atingidos pela guerra, em muitas partes do mundo, que vivem estes dias de festa na escuridão e ao frio, na miséria e no medo, submersos na violência e na indiferença”.

A celebração assinalou ainda o Dia Mundial da Paz, instituído em 1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978), que é celebrado no primeiro dia do novo ano.

A mensagem do Papa Francisco para 56.º Dia Mundial da Paz tem como tema ‘Ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos, recomecemos a partir da Covid-19 para traçar sendas de paz’.

“Para acolher Deus e a sua paz, não se pode ficar parados, comodamente à espera que as coisas melhorem. É preciso levantar-se, aproveitar as oportunidades da graça, ir, arriscar. É preciso arriscar”, referiu o Papa, esta manhã, na sua homilia.

Foto: Lusa/EPA

Francisco destacou a figura dos pastores de Belém, presentes nos relatos do Evangelho sobre o nascimento de Jesus, como “os primeiros a reconhecer o Deus próximo, o Deus que veio pobre e gosta de estar com os pobres”.

“Face à preguiça que anestesia e à indiferença que paralisa, frente ao risco de nos limitarmos a ficar sentados diante dum ecrã com as mãos no teclado, os pastores desafiam-nos hoje a ir, a comover-nos com o que acontece no mundo, a sujar as mãos na realização do bem”, apontou.

Hoje, no início do ano, em vez de ficarmos a pensar e esperar que as coisas mudem, será bom interrogar-nos: ‘Eu, neste ano, onde quero ir? A quem vou fazer bem?’”.

O Papa recomendou que, entre os desejos para 2023, as pessoas assumam a intenção de dedicar “tempo a ver, ou seja, a abrir os olhos e mantê-los abertos diante daquilo que conta: Deus e os outros”.

“Faz muito bem parar e escutar os idosos, o avô e a avó, para ver a profundidade da vida e redescobrir as raízes”, prosseguiu.

A homilia começou com uma reflexão sobre 0 dogma da maternidade divina de Maria (Theótokos), definido no Concílio de Éfeso, em 431.

“Deus tem uma Mãe e, por conseguinte, está ligado para sempre à nossa humanidade, como um filho à mãe, a ponto de a nossa humanidade ser a sua humanidade”, declarou o Papa.

Evocando essa definição solene, Francisco convidou todos os participantes na celebração a aclamar a Virgem Maria, três vezes, com o título de “Santa Mãe de Deus”.

Duas das preces da oração universal, rezando pela paz e a comunhão entre as pessoas, foram lidas em ucraniano e russo

Cumprindo a tradição, um grupo de crianças participou na celebração, vestidos de Reis Magos, em representação dos ‘sternsinger’ (cantores da estrela) que na Alemanha, Áustria e Suíça passam pelas casas para anunciar o nascimento do Senhor e recolher ofertas para as crianças necessitadas.

OC

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