Vaticano: Pregador da Casa Pontifícia critica «morte de Deus» pelo mundo ocidental

Pregação na celebração de Sexta-feira Santa feita por frade capuchinho

Foto: EPA/GIUSEPPE LAMI

Cidade do Vaticano, 07 abr 2023 (Ecclesia) – O cardeal Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, alertou hoje para a “morte ideológica” no mundo ocidental de “Deus”.

“Não podemos fingir ignorar a existência desta narrativa diversa, sem deixar desconfiados tantos fiéis. Esta morte diversa de Deus encontrou a sua perfeita expressão no conhecido anúncio que Nietzsche põe na boca do «homem louco», que chega sem fôlego à praça da cidade: Para onde foi Deus? – exclamou – É o que vou dizer. Nós o matamos – vocês e eu!… nunca houve ação mais grandiosa e aqueles que nascerem depois de nós pertencerão, por causa dela, a uma história mais elevada do que o foi alguma vez toda essa história”, recordou.

“Não demorará, contudo, a se dar conta de que, ao ficar só, o homem não é nada”, sublinhou o cardeal Raniero Cantalamessa, durante a celebração da Paixão do Senhor, presidida pelo Papa Francisco, na basílica de São Pedro.

O frade capuchinho criticou o “denominador comum a todas estas diversas declinações” do “total relativismo em todo campo: ética, linguagem, filosofia, arte e, naturalmente, religião. Nada mais é sólido; tudo é líquido, ou mesmo vaporoso. Na época do romantismo, deleitava-se na melancolia, hoje, no niilismo”.

Foto EPA/Lusa, Celebração da Paixão no Vaticano, cardeal Raniero Can

O pregador da casa pontifícia, nessas funções desde 1982, pediu que os cristãos resistam ao niilismo, “o verdadeiro buraco negro do mundo espiritual”.

“Como crentes, é nosso dever mostrar o que está por trás ou sob aquele anúncio, isto é, a trepidação de uma antiga chama, a erupção repentina de um vulcão jamais extinto desde o início do mundo”, sublinhou.

O pregador pontifício destacou a humanidade de Jesus e a semelhança ao ser humano que quis assumir: “Deus conhece nosso orgulho e veio ao nosso encontro, aniquilando-se, ele primeiro, diante de nossos olhos. Cristo Jesus, existindo em forma divina, não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante ao ser humano”.

LS

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Agência ECCLESIA

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