Vaticano: Papa recorda exemplo de «gentileza» de Bento XVI

Francisco afirma «gratidão» da Igreja pelo serviço do falecido Papa emérito

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 31 dez 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco evocou hoje no Vaticano a “bondade” de Bento XVI, seu predecessor, falecido esta manhã, aos 95 anos de idade.

“Por falar em gentileza, neste momento, o nosso pensamento volta-se espontaneamente para o querido Papa emérito Bento XVI, que nos deixou esta manhã. Com comoção recordamos a sua pessoa tão nobre, tão gentil”, declarou, na homilia das primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus.

Francisco falava em público pela primeira vez, após o falecimento do seu antecessor, que morreu no antigo mosteiro ‘Mater Ecclesiae’, onde residia desde 2013, após a renúncia ao pontificado.

“Sentimos tanta gratidão nos nossos corações: gratidão a Deus por tê-lo oferecido à Igreja e ao mundo; gratidão a ele, por todo o bem que fez e, sobretudo, pelo seu testemunho de fé e oração, especialmente nestes últimos anos da sua vida retirada. Só Deus conhece o valor e a força da sua intercessão, dos seus sacrifícios oferecidos pelo bem da Igreja”, referiu o Papa.

Bento XVI foi Papa entre 2005 e 2013, tendo sucedido a João Paulo II.

Na celebração com que se encerra, tradicionalmente, o ano civil, na Basílica de São Pedro, acompanhada pelo hino ‘Te Deum’, Francisco quis “propor novamente a gentileza como virtude cívica”, para “humanizar” a sociedade.

“A gentileza é um fator importante na cultura do diálogo, e o diálogo é indispensável para viver em paz, como irmãos e irmãs que nem sempre se entendem – é normal – mas que, no entanto, se falam, se escutam e procuram entender-se~”, sustentou.

O Papa alertou para as consequências do “individualismo consumista”, que leva a ver os outros como “obstáculos”.

“Queridos irmãos e irmãs, penso que resgatar a gentileza como virtude pessoal e cívica pode ajudar muito a melhorar a vida das famílias, das comunidades e das cidades”, sustentou.

Na última quarta-feira, Francisco pedira orações por Bento XVI, de 95 anos, afirmando que o seu antecessor se encontrava “muito doente”.

“Gostaria de pedir-vos a todos uma oração especial, pelo Papa emérito Bento [XVI], que no silêncio está a sustentar a Igreja. Recordai-o, está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e o sustente, neste testemunho de amor à Igreja, até ao fim”, declarou, na audiência pública semanal, que decorreu no Auditório Paulo VI.

Foto: Lusa/EPA

O Papa vai presidir às cerimónias fúnebres de Bento XVI, a 5 de janeiro, pelas 09h30 (08h30 em Lisboa), na Praça de São Pedro.

Em nota enviada aos jornalistas, esta tarde, a Santa Sé adianta que os restos mortais do Papa emérito vão permanecer no Mosteiro ‘Mater Ecclesiae’ até à madrugada de segunda-feira, sem “visitas oficiais ou orações públicas”.

No mesmo dia, a partir das 09h00 (menos uma em Lisboa), o corpo fica em câmara ardente dos fiéis na Basílica de São Pedro, até às 19h00, bem como na terça e quarta-feira das 07h00 às 19h00 locais.

Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927, um Sábado Santo, tal como acontece em 2022, e passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da Áustria.

Juntamente com o seu irmão Georg, foi ordenado padre a 29 de junho de 1951; dois anos depois, doutorou-se em teologia com a tese ‘Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho’.

No dia 19 de abril de 2005 foi eleito como o 265.º Papa, sucedendo a João Paulo II; a 11 de fevereiro de 2013, Dia Mundial do Doente e memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, anunciou a renúncia ao pontificado, com efeitos a partir do dia 28 do mesmo mês, uma decisão inédita em quase 600 anos de história na Igreja Católica.

OC

Foto: Lusa/EPA

No final da celebração do último dia do ano, o Papa Francisco deslocou-se à Praça de São Pedro, em cadeira de rodas, cumprimentando as pessoas ali presentes, antes de rezar em silêncio, diante do presépio.

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