Vaticano: Papa questiona comodismo dos católicos na Europa, pedindo maior unidade

Francisco presidiu a Missa pelo 50.º aniversário do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE). Reunião conta com a participação do Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas

Foto: Lusa/EPA

 

Cidade do Vaticano, 23 set 2021 (Ecclesia)- O Papa disse hoje no Vaticano que os católicos da Europa devem rejeitar o comodismo e enfrentar o aumento do desinteresse pelas questões religiosas e espirituais, no continente.

“Hoje na Europa nós, cristãos, somos tentados a acomodar-nos nas nossas estruturas, nas nossas casas e nas nossas igrejas, na segurança das tradições, na satisfação por um certo consenso, enquanto em redor os templos se esvaziam e Jesus fica cada vez mais esquecido”, disse Francisco, na Missa a que presidiu, na Basílica de São Pedro, pelo 50.º aniversário do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE).

A homilia sublinhou a falta de “fome e sede de Deus”, na sociedade, com muitas pessoas centradas apenas nas “necessidades materiais”.

“É fácil julgar quem não crê, é cómodo elencar os motivos da secularização, do relativismo e de tantos outros ismos, mas no fundo é estéril. A Palavra de Deus leva-nos a refletir sobre nós mesmos: sentimos amizade e compaixão por quem não teve a alegria de encontrar Jesus ou a perdeu?”, advertiu o pontífice.

Francisco lamentou que muitos optem por concentrar-se nas várias posições da Igreja, “os debates, as agendas e estratégias”, perdendo de vista “o verdadeiro programa que é o do Evangelho: o zelo da caridade, o ardor da gratuidade”.

O Papa desafiou todos a “olhar juntos para o futuro, não restaurar o passado”.

Somos chamados pelo Senhor a uma obra esplêndida, a trabalhar para que a sua casa seja cada vez mais acolhedora, para que cada um possa entrar e viver nela, para que a Igreja tenha as portas abertas a todos e ninguém se sinta tentado a concentrar-se apenas em olhar e trocar as fechaduras”.

A homilia evocou um conjunto de santos europeus, figuras que marcaram a história da Igreja Católica e “viveram o Evangelho, sem se importar com a relevância e a política”.

“Deus vê-se nos rostos e nos gestos de homens e mulheres transformados pela sua presença. E se os cristãos, em vez de irradiarem a alegria contagiante do Evangelho, repropuseram esquemas religiosos gastos, intelectualistas e moralistas, as pessoas não veem o Bom Pastor”, assinalou.

Francisco desafiou os presentes a promover uma vida de “oração e pobreza”, “criatividade e gratuidade” nas comunidades católicas da Europa.

“Ajudemos a Europa de hoje, doente de cansaço, a reencontrar o rosto sempre jovem de Jesus e da sua esposa. Não podemos fazer outra coisa senão dar-nos completamente a nós mesmos para que se veja esta beleza sem ocaso”, concluiu.

O Conselho das Conferência Episcopais da Europa está reunido em Roma, até sexta-feira, para refletir sobre o tema ‘CCEE, 50 anos ao serviço da Europa, memória e perspetiva no horizonte de Fratelli tutti’.

Na reunião está presente D. José Ornelas, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, e o encontro vai conta ainda com a participação de Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica Portuguesa, que apresentará o tema: «Que espera a Europa da Igreja: análise cultural».

As sessões dos vários dias contam com as intervenções do cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, do Cardeal Angelo Bagnasco, presidente do CCEE, do cardeal Jean-Claude Hollerich, Presidente da COMECE, do Monsenhor Aldo Giordano, Núncio Apostólico junto da União Europeia e do Monsenhor Marco Ganci, Observador Permanente da Santa Sé junto do Conselho da Europa; Antonio Tajani, que foi Presidente do Parlamento Europeu, fará uma análise sociopolítica sobre o que a Europa espera da Igreja.

OC

Atualizada a 25 de setembro às 10.20

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