Conversas na Ecclesia: «Crianças são entregues à porta da escola e não é fácil…» – Lara Cunha

Assistente operacional a trabalhar com crianças de três anos fala em ansiedade, no regresso à escola

Porto, 23 set 2021 (Ecclesia) – Lara Cunha, assistente operacional numa escola em Matosinhos, lamentou à Agência ECCLESIA não ser fácil “receber as crianças à porta da escola”, devido às limitações impostas pela pandemia, principalmente “os que chegam pela primeira vez, com três anos”. 

“É um desafio grande, primeiro pela situação em que vivemos com esta pandemia que veio dar um novo rumo e uma nova perspetiva, quer para os pais quer para nós enquanto profissionais, e aqueles que acolhemos, as crianças, todos os dias veio modificar muito os hábitos, neste contexto escolar em que os pais não podem entrar na escola, não é fácil e enquanto assistente operacional somos nós que recebemos à entrada e somos nós que também os entregamos ao fim do dia”, conta a entrevistada à Agência ECCLESIA.

Com as limitações impostas pela pandemia no pré-escolar as crianças são entregues à porta, “os pais não podem ir às salas” e Lara Cunha afirma haver muita ansiedade e alguns medos. 

“Principalmente os pais que vão entregar pela primeira vez os seus meninos de três anos, os outros que já têm experiência connosco e já nos conhecem, sentem alguma segurança embora haja sempre aquele medo, aquela fragilidade porque estamos a iniciar um arranque depois de umas férias, aquele primeiro dia ou na primeira semana é sempre muito crítica para todas as idades”, explica. 

Segundo a assistente operacional “muitas crianças ficam a chorar” neste início do ano letivo e “têm de ser arrancados do colo dos pais”.

“Nessa altura é muito colo e muito mimo, a primeira parte de serenar uma criança é a partilha e a sala dos brinquedos, algo que a possa confortar naquele momento, normalmente esse choro é só uma pequena fase inicial, é o que eu sempre tento tranquilizar os pais”, assume. 

Também Lara Cunha é mãe de dois filhos, de 13 e nove anos, e sabe que não é fácil cada mês de setembro, com o tempo de pandemia veio agravar as suas inseguranças.

“A minha mais velhinha já tem 13 anos vai para o oitavo ano, sinto-me muito tranquila porque já é uma menina autônoma, mas o mais pequenino vai para o quarto ano, um novo desafio, e sinto-me sempre muito mais ansiosa com ele, vou sempre um bocadinho com o coração apertado enquanto mãe”, confessa.

O filho mais novo, Dinis, sofre de um problema cardíaco e, por indicações médicas, devido à Covid-19, passou longos meses a ter aulas online o que torna este “regresso mais ansioso mas feliz”.

“Enquanto mãe neste momento e deixar o Dinis agora esta semana na escolinha, vou-me sentir feliz por ele ir para a escola, por retomar o ambiente onde ele é feliz, porque o meu filho é feliz na escola e eu tenho que confiar, é isso que também lhe transmitir a ele, mesmo que o meu coraçãozinho esteja do tamanho de uma ervilha eu mostro-me feliz e grata por o deixar na escola”, conta.

As «Conversas na ECCLESIA» desta semana têm o mote do regresso à escola que implica mudanças e novas atitudes, que pode acompanhar online de segunda a sexta-feira, pelas 17h00.

SN

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