Vaticano: Papa pede perdão da dívida dos países do Sul global, por ocasião do Jubileu 2025

Francisco critica «globalização mal gerida» e «privações incompatíveis com a dignidade humana»

Cidade do Vaticano, 05 jun 2024 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje ao perdão da dívida dos países do Sul global, por ocasião do Jubileu 2025, criticando uma “globalização mal gerida”.

“Esta era uma tradição do povo hebreu: no ano do Jubileu, as dívidas eram perdoadas. Gostaria de fazer eco deste apelo profético, hoje mais urgente do que nunca, tendo em conta que a dívida ecológica e a dívida externa são duas faces da mesma moeda que hipoteca o futuro”, referiu, num encontro que decorreu no Vaticano.

A Igreja Católica vai celebrar em 2025 o próximo Jubileu ordinário, 27.º da sua história.

Francisco recordou que, por ocasião Ano Santo de 2000, S. João Paulo II considerou que a questão da dívida externa “não é apenas de natureza económica, mas afeta os princípios éticos fundamentais”, pelo que um Jubileu pode ser “ocasião propícia para gestos de boa vontade […] para anular as dívidas, ou pelo menos reduzi-las”.

O Ano Santo de 2025, para o qual nos dirigimos, chama-nos a abrir as nossas mentes e os nossos corações para podermos desatar os nós dos laços que estrangulam o presente, sem esquecer que somos apenas guardiões e administradores, não senhores”.

Francisco falava aos participantes da conferência promovida pela Academia Pontifícia das Ciências (Santa Sé), sobre o tema ‘Crise da dívida no Sul Global’.

“Depois de uma globalização mal gerida, depois de pandemias e guerras, encontramo-nos perante uma crise da dívida que afeta sobretudo os países do Sul global, gerando miséria e angústia e privando milhões de pessoas da possibilidade de um futuro digno”, lamentou.

Na intervenção, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, o Papa sustentou que “nenhum governo pode exigir moralmente que o seu povo sofra privações incompatíveis com a dignidade humana”.

O Papa considerou que o problema da dívida, que atinge “milhões de famílias e pessoas no mundo”, implica “uma responsabilidade partilhada entre quem recebe e quem dá”.

“Para tentar quebrar o ciclo de financiamento da dívida, seria necessário criar um mecanismo multinacional, baseado na solidariedade e na harmonia dos povos, que tivesse em conta o sentido global do problema e as suas implicações económicas, financeiras e sociais”, apontou.

OC

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Agência ECCLESIA

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