Vaticano: Nem tudo termina com a morte – a lição do Papa sobre a «fé na ressurreição»

Francisco desafia a superar medo e tristeza existencial, em Missa pelos cardeais e bispos falecidos no último ano

Cidade do Vaticano, 05 nov 2020 (Ecclesia) – O Papa apresentou hoje no Vaticano uma reflexão sobre a fé na ressurreição, central para o ensinamento católico, apelando à superação do medo e tristeza existencial, “como se tudo acabasse com a morte”.

“Somos chamados a acreditar na ressurreição, não como numa espécie de miragem que surge no horizonte, mas como um acontecimento presente, que misteriosamente já nos toca agora”, disse, na homilia da Missa anual pelos cardeais e bispos falecidos nos últimos 12 meses.

A celebração, com participação limitada de assembleia, decorreu no altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, como acontece desde 1986, por decisão de São João Paulo II – antes era celebrada na Capela Sistina.

O Papa partiu de uma passagem do Evangelho em que Jesus Cristo se apresenta como “a Ressurreição e a Vida”.

“Pedimos-Lhe para dissolver esta tristeza negativa, que às vezes se apodera de nós, como se tudo acabasse com a morte”, declarou.

“Trata-se dum sentimento distante da fé, que se vem juntar ao medo humano de ter de morrer e do qual ninguém se pode considerar totalmente imune”, acrescentou.

Francisco destacou que esta fé na ressurreição “não ignora nem dissimula a desolação que sentimos, humanamente, perante a morte”.

“Solidário connosco em tudo, menos no pecado, [Jesus] também experimentou o drama do luto, a amargura das lágrimas derramadas pela morte duma pessoa querida. Mas isto não diminui a luz de verdade que emana da sua revelação e da qual foi um grande sinal a ressurreição de Lázaro”, assinalou.

A intervenção falou de um “salto” existencial, com a ressurreição, que permite levar o olhar para lá do “visível” e abrir a vida à dimensão da “eternidade”.

Diante do enigma da morte, o crente deve converter-se continuamente: diariamente, somos chamados a ir mais além da imagem que, instintivamente, temos da morte como aniquilação total duma pessoa”.

Poucos dias depois da comemoração de todos os Fiéis Defuntos (2 de novembro), o Papa afirmou que a oração pelos que morreram ajuda a “compreender o sentido e o valor do bem que realizaram, da sua fortaleza, do serviço e amor doados de forma altruísta” e a “compreender o que significa viver aspirando, não a uma pátria terrena, mas a uma melhor, isto é, à pátria celeste”.

A celebração desta manhã recordou em particular a vida de seis cardeais e 163 bispos de vários países, incluindo Portugal, que morreram no último ano.

“A vida dum servidor do Evangelho desenrola-se animada pelo desejo de agradar ao Senhor em tudo: este é o critério de cada uma das suas opções, de cada passo que tem de dar. Por isso recordamos, com gratidão, o testemunho dos cardeais e bispos falecidos, que viveram na fidelidade à vontade divina; rezamos por eles procurando seguir o seu exemplo”, concluiu Francisco.

OC

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