Vaticano coloca condições para «regresso» dos lefebvrianos

O Vaticano espera que o processo de reconciliação com os fiéis da Fraternidade São Pio X, fundada pelo Arcebispo Marcel Lefebvre, chegue a bom termo, mas coloca condições para o “regresso” dos tradicionalistas. Segundo a imprensa italiana, o responsável por este processo, Cardeal Dario Castrillon Hoyos, terá enviado uma carta ao responsável máximo da Fraternidade, Bispo Bernard Fellay, exigindo, entre outras, o respeito pelo Papa e a sua autoridade. As condições incluem ainda “uma resposta proporcionada à generosidade do Papa”, o compromisso para evitar qualquer intervenção pública que coloque em causa a sua pessoa e também o cumprimento de um prazo, fixado para o final do mês, para uma resposta positiva. Em Março deste ano, questionado em relação ao regresso à “plena comunhão” de pessoas excomungadas, o Cardeal colombiano fez questão de sublinhar que a questão com a Fraternidade São Pio X, fundada por Marcel Lefebvre, não se coloca nesses termos. “A excomunhão diz respeito apenas a quatro Bispos, porque foram ordenados sem mandato do Papa e conta a sua vontade, mas os sacerdotes estão apenas suspensos. A Missa que celebram é válida, sem dúvida, mas não lícita e, por isso, não é aconselhada a participação dos fiéis, a menos que não haja outra possibilidade num Domingo”, refere. O Bispo Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade, e outros três Bispos foram excomungados a 2 de Julho de 1988, por terem sido ordenados “ilegitimamente” no seio da Fraternidade, por parte do Arcebispo Lefebvre. A carta apostólica “Ecclesia Dei”, de João Paulo II, constatou que esta ordenação de Bispos (a 30 de Junho de 1988) constituiu “um acto cismático”. Fellay foi recebido por Bento XVI no dia 29 de Agosto de 2005, num encontro marcado pelo “desejo de chegar à perfeita comunhão”. “Nem os sacerdotes nem os fiéis” da Fraternidade, explica D. Castrillón Hoyos, “estão excomungados”. A Comissão Ecclesia Dei, presidida pelo Cardeal Dario Castrillon Hoyos, tem como objectivo “facilitar a plena comunhão eclesial” dos fiéis ligados à Fraternidade fundada por Monsenhor Lefebvre, “conservando as suas tradições espirituais e litúrgicas”, em especial o uso do Missal Romano segundo a edição típica de 1962. O Cardeal colombiano desvaloriza, a este respeito, as divergências existentes a respeito do Concílio Vaticano II, lembrando que tanto Bernard Fellay como os outros Bispos da Fraternidade São Pio X “reconheceram expressamente o Vaticano II como Concílio Ecuménico”. “Também não se pode esquecer que Mons. Marcel Lefebvre assinou todos os documentos do Concílio. Penso que a sua crítica ao Concílio tenha mais a ver com a falta de clareza de alguns textos, que abriu caminho a interpretações que não estão de acordo com a doutrina tradicional”, afirma. Segundo o Cardeal Darío Castrillón Hoyos, as maiores dificuldades “são de carácter interpretativo ou têm a ver com alguns gestos ecuménicos, mas não com a doutrina do Vaticano II”.

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