Vaticano anuncia congresso sobre as teorias da evolução

Secularização, ciência e fé em debate numa assembleia de três dias, com a presença do Patriarca de Lisboa O “ministro da Cultura” do Papa, Arcebispo Gianfranco Ravasi, anunciou hoje a realização de um congresso internacional sobre “as teorias da evolução”, com o objectivo de “juntar ciência, teologia e filosofia”. O Conselho Pontifício para a Cultura (CPC) iniciou esta Quinta-feira uma assembleia de três dias, para analisar “os desafios da secularização para a Igreja e na Igreja”. Entre os participantes neste evento conta-se D. José Policarpo, Cardeal-Patriarca de Lisboa. Na abertura dos trabalhos, o presidente do CPC revelou a intenção de reunir, em Roma, “figuras altíssimas da ciência, também prémios Nobel, grandes teólogos e grandes filósofos”. O Congresso terá lugar na Universidade Pontifícia Gregoriana. A discussão em torno da Criação e da Evolução ganhou uma nova dimensão quando, em Setembro de 2006, Bento XVI convocou os seus antigos estudantes de Teologia para Castel Gandolfo, a fim de discutirem as questões suscitadas pelo tema. O teólogo português Henrique de Noronha Galvão, antigo aluno de Joseph Ratzinger, foi um dos participantes do encontro à porta fechada, do qual resultou já um livro, “Schoepfung und Evolution” (Criação e Evolução). Aí, Bento XVI voltou a abordar a questão, considerando que ciência e fé não têm de estar em confronto: Deus criou a vida e esta evolui. O Papa afirma que a teoria de Charles Darwin não pode ser provada completamente, enaltece o progresso científico e não aprova as visões dos defensores do criacionismo. A Igreja Católica, com o avanço da exegese bíblica, tem hoje uma leitura da Bíblia muito diferente da que oferecem algumas Igrejas Cristãs, não vendo nos dois relatos da Criação no Génesis (apenas um deles faz referência aos famosos 7 dias) uma explicação científica para a origem do universo. Marginalização dos cristãos O problema da secularização será abordado levando em conta sobretudo a sua dimensão cultural, às vezes conjugada em termos de secularismo. Este secularismo, refere uma nota do CPC, não só nega explicitamente a presença de Deus, mas se manifesta também “numa mentalidade na qual Deus está ausente, total ou parcialmente, da vida e da consciência humana”. Mons. Franco Perazzolo, do CPC, apresentou o instrumento de trabalho desta assembleia, referindo que “o secularismo nega a relevância cultural da fé cristã e marginaliza os cristãos, procurando relegar a fé para o âmbito do privado, fechando-a nas consciências e nas sacristias”. Para o relator desta reunião magna, a religião cristã está hoje “diante de um problema sério e complexo: o homem aprendeu a lidar sozinho com todas as questões importantes, sem tomar em consideração a existência de Deus nem o seu desígnio de amor”. Os desafios principias para os cristãos, na sociedade secularizada, são “a agressividade do consumismo, a ausência de juízo moral, o colapso da solidariedade sufocada pelo individualismo, a marginalidade dos pobres e dos fracos”. Jovens e Internet D. Ravasi indicara, em entrevista ao Osservatore Romano, que a Igreja quer abrir-se ao diálogo “com a ciência, a filosofia, a economia”. Este responsável defende a necessidade de haver “menos catedráticos e mais jovens” nos grandes eventos culturais e alerta para a linguagem que é utilizada “na comunicação eclesial”, mostrando-se aberto “à vanguarda e à experimentação no campo artístico”. Neste contexto, o Arcebispo Ravasi propõe “mais investimento” na Internet, onde fóruns e blogues “abrem enormes espaços de confronto com as grandes questões existenciais e religiosas” do ser humano”. “O uso da Internet ensina-nos gradualmente, também, uma linguagem mais imediata e mais directa para nos dirigirmos às pessoas, em particular aos jovens”, assinala. O Arcebispo sublinha a importância dos meios de comunicação social e fala da vontade do CPC em “desempenhar um papel cada vez mais decisivo na relação crucial entre fé e modernidade”. “A nossa missão fundamental deve ser a de trazer de volta ao homem de cultura e de ciência o gosto pelas perguntas iniciais, que vêm antes das escolhas técnicas”, adianta. Notícias relacionadas • Criação e evolução: a importância de um tema

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