Vaticano abre portas ao mundo muçulmano

Encontros preparatórios querem abrir caminho para um encontro de representantes do mundo islâmico com Bento XVI A Santa Sé e um conjunto de representantes do mundo muçulmano reúnem-se a partir desta Terça-Feira, no Vaticano, para uma “reunião preliminar de carácter técnico” destinada a preparar um grande encontro bilateral, a convite do Papa. A iniciativa, revelou hoje a Rádio Vaticano, pretende definir “alguns aspectos processuais” para levar por diante “uma reflexão comum”, na sequência da carta enviada a Bento XVI por intelectuais islâmicos, na qual deixavam um apelo em nome da paz e da compreensão entre o Islão e o Cristianismo. Do lado muçulmano, grupo inicial de 138 subscritores da referida missiva passou, neste momento, para 241. Em Outubro do ano passado, Bento XVI foi um dos destinatários da carta enviada por 138 intelectuais do mundo muçulmano, na qual deixavam um apelo em nome da paz e da compreensão entre o Islão e o Cristianismo. Posteriormente, o Papa recebeu o rei da Arábia Saudita e convidou os dignatários muçulmanos para uma visita ao Vaticano, defendendo o diálogo “fundado no respeito e no conhecimento recíproco”. Em resposta, o Papa manifestou o seu “profundo apreço” por este gesto, pelo espírito positivo que inspirou o texto e pelo apelo a um compromisso comum para a promoção da paz no mundo”. A carta de Bento XVI foi endereçada ao príncipe Ghazi bin Muhammad bin Talal, presidente do Insitututo Aal al-Bayt para o pensamento islâmico (Jordânia) e enviada através do Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano. Nessa missiva, o Papa reafirmou “a importância do diálogo baseado no respeito efectivo pela dignidade da pessoa, no conhecimento objectivo da religião do outro, na partilha da experiência religiosa e no compromisso comum de promover o respeito e a aceitação mútuas”. Na semana passada, teve lugar o X Encontro do Comité para o Diálogo entre a Santa Sé e a Universidade egípcia de Al Azhar, instituição teológica de referência para o mundo islâmico sunita. No comunicado final, assinado pelo presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, e pelo Sheik Abdel Fattah Mohamed Alaam, reiterava-se o respeito pela pessoa humana, sem distinção de raça, religião ou credo e se auspicia um reforço do respeito pelos símbolos religioso e dos livros sagrados. “Tudo aquilo que os fiéis respeitam merece o respeito por parte dos outros”, afirma o documento, dirigindo um convite aos intelectuais para que eduquem as sociedades “a esse tipo de moralidade”. A nota mencionou também a publicação de caricaturas de Maomé: “A liberdade de expressão não justifica o ataque e as ofensas a símbolos religiosos. O nosso Conselho Pontifício está comprometido nesse processo de intercâmbio entre muçulmanos e cristãos, no esforço comum de combater o ódio e o medo”, destacou o Cardeal Tauran no evento.

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