Uma igreja diferente

Está a nascer na zona Norte do Parque das Nações, em Lisboa, um arrojado projecto de arquitectura religiosa que desafia convenções estabelecidas ao mesmo tempo que retoma elementos dos espaços litúrgicos das primeiras comunidades cristãs. O projecto da nova Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes e Complexo Paroquial do Parque das Nações, desenvolvido pelo arquitecto José Maria Dias Coelho, foi formalmente apresentado esta Quinta-feira. A igreja, que terá lugar para 650 pessoas sentadas será construída num terreno, com cerca de quatro mil metros quadrados, adquirido à Parque Expo pela paróquia, por 250 mil euros. A zona onde será construída a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, orçada em 4,5 milhões de euros terá uma área de 2200 metros quadrados. O início da obra está marcado para 2011 e prevê-se que seja inaugurada em 2013. Para o pároco local, estamos na presença de um “novo conceito de espaço público” que desafia a própria Igreja. O objectivo foi conceber um espaço que fosse um “sinal”, ao ser reconhecível como igreja, e que estivesse carregado de simbologia, dando corpo à imagem de Igreja como casa de comunhão. O arquitecto Dias Coelho, por seu turno, falou da necessidade de projectar uma obra que “valorize o local” e funcione como “referência na linha do horizonte”. De planta circular, a nova igreja gira em torno de dois conceitos espaciais: centralidade e axialidade. Elementos centrais do espaço litúrgicos são colocados na mesma linha: pórtico, baptistério, altar, ambão, presidência. O espaço circular permite que os dois pólos centrais, o ambão (onde é proclamada a Palavra) e o altar, estejam próximos de todos os participantes. A opção de colocar estes dois elementos no mesmo eixo, um atrás do outro, é pouco vulgar, mas faz-nos regressar aos primeiros séculos: à imagem das comunidades cristãs do Oriente, a Palavra é proclamada desde o “bema”, uma tribuna situada no meio da Igreja, como sinal de Jerusalém, centro do mundo, onde Jesus ensinou. O espaço interior será dominado pela luminosidade própria dos vitrais, inspirados nos Mistérios Luminosos do Rosário. A cena da Transfiguração estará colocada atrás do celebrante, enquanto que a instituição da Eucaristia se posiciona, simbolicamente, no local do sacrário. A imponência dos arcos que sustentam o peso do edifício traduz a aspiração ao divino, consubstanciando a dimensão de verticalidade própria de uma igreja. Já a forma circular poderá alterar a dimensão de horizontalidade, a relação entre os fiéis da assembleia, congregados em volta da Palavra e da Eucaristia como comunidade orante e celebrante. Exteriormente, alguns elementos identificativos da igreja (destaque para a torre sineira) não impedem que o edifício se procure integrar no contexto arquitectónico e urbanístico em que vai nascer, com particular destaque para a relação privilegiada que mantém com o Tejo. A comunidade do local poderá, assim, usufruir de um projecto inovador dotado de infra-estruturas modernas de apoio às várias actividades paroquiais, uma zona comercial um auditório com capacidade para 300 pessoas.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top