Uma forma simples de rezar

José Luís Nunes Martins

Descansa um pouco. Vai até à janela. Não penses nas tuas coisas por um tempo. Olha para o que está diante dos teus olhos, pouco importa que seja o mar, um prédio ou uma parede. Haverá coisas em que nunca reparaste antes… de tão preocupado que andas contigo.

Sem sair da janela, não deixes que a angústia tome, mais uma vez, o papel principal no palco do teu interior, nem percas tempo a costurar mais sonhos. Deixa-te estar aí. Sem pressa.

Vão chegar à tua cabeça muitas ideias de coisas que tens de fazer com urgência, ou pelo menos coisas de que não te podes esquecer, sob pena de acabar o mundo… mas confia que é apenas uma parte de ti que tem medo de estar em paz, sinal de que a tua vida tem sido uma guerra sem fim.

Não te angusties, não te percas nos labirintos das desgraças que julgas que tens vivido. Rezar é abrir a janela e deixar o ar circular.

Não penses em ti. Deixa-te disso durante um bocado. Se o egoísmo resultasse, grande parte da humanidade já seria feliz! Respira… inspirando de olhos fechados e expirando com um sorriso. Recebe a vida com confiança, dá-a com amor.

Rezar nunca é a respeito de nós mesmos. As nossas questões particulares já o céu as conhece bem, muito melhor do que nós. Rezar é tempo de confiar. Estar atento e, com humildade, esperar indicações, ideias e sentimentos que nos edifiquem e ajudem, não nas nossas preocupações quotidianas, mas nas decisões que tomamos a cada dia e nos afastam ou aproximam do melhor de nós.

Nessa janela do que és, deixa-te embalar pela oração, onde se devem suceder poucas palavras com a força de silêncios e momentos de silêncio que são, tantas vezes, a resposta mais clara.

Aquele a quem rezas confia em ti, confia que saberás ser livre, para o bem, para o teu bem e para o bem dos outros.

Confia em ti. Decide com calma e depois de descansares. Agora talvez ainda seja melhor ficar mais um tempo à janela da oração.

Cuidado. O tempo dos céus não é o dos nossos relógios e calendários. Um minuto é mais do que o suficiente para que uma vida que andava longe de casa ganhe sentido, caminho e luz. Mas isso não costuma acontecer quando se exige ou implora…

Da janela do nosso ser vê-se o céu. Há também um espelho onde nos podemos ver e perguntar a nós mesmos se gostamos do eu que ali está refletido…

Não procures coisa alguma, admira o céu e encontra-te. Aqui e lá.

 

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Agência ECCLESIA

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