Um projeto em caminhada

O Padre Manuel Morujão, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, explica à Agência ECCLESIA o percurso percorrido no projeto de «Repensar a Pastoral da Igreja», lançado em 2010, e quais os passos que se seguem nesta iniciativa.

Agência ECCLESIA (AE) – Qual o objetivo da iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa “Repensar a Pastoral da Igreja em Portugal»?

Padre Manuel Morujão (MM) – A inspiração fundamental veio de Bento XVI, no seu discurso aos Bispos de Portugal, por ocasião da última visita ad limina, a Roma, em que o Papa fez um forte apelo à renovação da Igreja em Portugal.

Objetivo principal é promover a renovação da ação evangelizadora da Igreja, no contexto da atual sociedade portuguesa, discernindo prioridades e criando caminhos comuns de ação, no respeito das justas autonomias das dioceses e paróquias, congregações e movimentos de apostolado.

Para novos problemas e desafios há que encontrar novas respostas. É verdade que não há «varinhas mágicas» apostólicas, soluções utopicamente ideais. Mas importa recuperar o fogo do Pentecostes e partir em missão para este mundo que Deus ama.

 

AE – De que forma é que este projeto está a ser desenvolvido e que fases já se ultrapassaram?

MM – Pretendeu-se seguir um percurso sinodal (fazer caminho juntos), procurando que participasse o maior número de agentes pastorais (bispos e padres, leigos/as e religiosos/as). A participação gera responsabilização. Aos mais diversos níveis, já se realizaram reuniões e encontros, em clima de discernimento pastoral, ou seja, não de mera reflexão, mas de procura do que Deus quer de nós, do que Cristo pede hoje à sua Igreja em Portugal.

As sínteses das sugestões dos vários grupos (sombras e luzes na Igreja e no mundo; propostas de renovação da ação pastoral da Igreja) foram enviadas para o Secretariado Geral do Episcopado que, por sua vez, elaborou um resumo com os pontos mais sublinhados e importantes. A necessidade de formação, para a missão e na missão, foi muito sublinhada; a família e os jovens foram campos de ação indicados como prioritários.

 

AE – Que adesão mereceu a proposta da CEP junto das várias instituições?

MM – A adesão a esta proposta da CEP foi razoavelmente positiva, o que não quer dizer que não pudesse ser mais abrangente e capilar. Envolveu milhares de pessoas comprometidas com a vida da Igreja, em que todos devemos ser pedras vivas, atores e não espetadores: Conselhos Presbiterais e Conselhos Pastorais das dioceses, por vezes também os Conselhos Pastorais das paróquias; diversos órgãos e instâncias de congregações religiosas e de movimentos e obras de apostolado dos leigos.

 

AE – Qual a próxima etapa para “Repensar a pastoral da Igreja em Portugal”?

MM – Atualmente está em curso uma sondagem à opinião pública, coordenada pela Universidade Católica Portuguesa, sobre o modo como os cidadãos do nosso país se posicionam perante a Igreja e quais as expectativas que têm a seu respeito, independentemente da sua filiação religiosa ou ideológica. A leitura sociológica dos dados recolhidos dará luz sobre o modo como atuar, já que a Igreja não vive a pensar em si própria, mas na missão que Cristo lhe pede para servir melhor o mundo em que está presente, como fermento no meio da massa.

Na próxima Assembleia Plenária dos Bispos (07-10 de novembro) será apresentado um programa de concretização da reflexão feita até aqui e apontadas prioridades pastorais para a nova evangelização nos novos tempos em que vivemos.

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