Repensar a Pastoral Juvenil e Vocacional

Ondina Matos, diretora do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil e Vocacional de Aveiro

A reflexão ao documento “Repensar Juntos a Pastoral da Igreja em Portugal”, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), na Pastoral Juvenil e Vocacional da Diocese de Aveiro, foi feita no âmbito do Conselho Diocesano de Pastoral Juvenil e Vocacional (CDPJV) diocesano, durante o ano pastoral 2010-2011. O documento da CEP foi enviado a todos os conselheiros, a quem foi pedido que refletissem, com os grupos que representam, as questões propostas. Os conselheiros, em grupos de trabalho, partilharam as suas conclusões e elaboraram documentos sínteses apresentados em plenário. Daí resultou a síntese de todas as reflexões feitas no contexto da Pastoral Juvenil e Vocacional de Aveiro que foram enviadas à Vigararia da Pastoral Geral da Diocese de Aveiro e ao Departamento Nacional de Pastoral Juvenil. Foi manifestada a alegria por sentirem verdadeiramente o Concílio Vaticano II em prática. A opinião de quem está no terreno, dos animadores juvenis, do CDPJV é importante, estimulando o sentido de corresponsabilidade na Missão.

Fomos desafiados pela CEP a olharmos para “a noite” da sociedade em que vivemos e para os sinais de Deus e os desafios da missão. A Igreja que se vê atualmente na “noite” suporta-se em Deus como uma “bengala”, reduzindo-se a prática cristã à Eucaristia e aos sacramentos de iniciação, umas vezes apenas por obrigação familiar, outras ainda, por necessidade de uma força redentora e salvadora que ampare nos momentos difíceis, sem se perceber o verdadeiro sentido da fé cristã…

Há atualmente muitos fatores externos que influenciam/determinam as opções dos jovens. Há muitas solicitações (atividades extracurriculares, vida social…) perante as quais os jovens têm que fazer opções, sendo que em muitas alturas a opção Igreja fica sempre para último. Também aqui o papel dos pais/educadores/família é determinante.

Não podemos continuar a apoiar barreiras distanciadoras! Os pais/a família são um elo importante para cativar a atenção dos jovens em relação à Igreja. A Pastoral familiar deve ser uma grande aposta na vida da Igreja.

Se, por um lado, constatamos que há falta de formação nos agentes de pastoral juvenil, por outro, face a propostas formativas específicas que vão existindo, a adesão destes agentes nem sempre é a melhor. Em relação aos jovens, após 10 anos de catequese sistemática, se os questionarmos sobre as razões fundamentais da sua Fé, poucos responderão convictamente. Existe uma grande centralidade na celebração do Sacramento da Confirmação, que surge quase como “objetivo final” de uma caminhada em grupo e não como compromisso cristão individual. E depois da celebração deste sacramento, que propostas existem para os jovens? Sentimos necessidades de um itinerário de Fé congregador. Parece-nos também que não existe uma atenção específica à adolescência, articulando esta etapa de crescimento com a Pastoral Juvenil.

A Igreja que somos está muito pouco habituada a trabalhar em articulação e a criar sinergias entre os vários serviços diocesanos e/ou nacionais. Por vezes, serviços diferentes lançam propostas distintas, com os mesmos objetivos e até com os mesmos destinatários. Não se sente, na prática, um trabalho em rede. Neste contexto deve ser muito mais valorizado o papel dos leigos na Igreja, tornando-a menos hierárquica.

Por outro lado, a CEP convidou-nos a refletir sobre os sinais que apontam o estilo de vida cristã e a “nova maneira de ser Igreja” adequada aos tempos de hoje.

É necessário um bom “Marketing Cristão” para chamar os jovens e só depois dar-lhes o “conteúdo” necessário, o sumo do que é ser-se e viver-se na fé de Jesus Cristo!

Necessitamos de transmitir afetividade, acolhimento, atenção – os jovens precisam de se sentirem bem, especiais, únicos, acolhidos, ao jeito de Jesus Cristo. Todas as oportunidades em que damos protagonismo e responsabilizamos os jovens, são meios de promover o testemunho. Devemos tornar os jovens proativos na sua caminhada de Fé.

A Igreja deve adaptar-se, mas mantendo-se sempre alerta, atenta! “Temos de deixar de pescar à rede e começar a pescar à linha!” e devemos relembrar a questão da qualidade e não da quantidade! Sentimos ainda necessidade de haver uma calendarização atempada, quer diocesana, quer nacional, para que as programações arciprestais e paroquiais possam ser feitas de forma articulada.

Vamos olhando e percebendo algumas experiências bastante motivadoras:

·- Propostas formativas para os animadores e para os jovens que permitam fazer a experiência de Deus nas suas vidas.

·- Temos muita gente empenhada, motivada, que testemunha, sem medo, a alegria de ser cristão.

·- A catequese familiar que acompanha a catequese dos filhos cria pontes importantes para sermos mais Igreja

·- As iniciativas e instituições sociais da responsabilidade da Igreja são pilares importantes na sociedade portuguesa

·- O aproveitamento das novas tecnologias de informação (páginas Web, blogues, redes sociais, TV online…) permite a partilha de informação e o enriquecimento mútuo.

·- A existência de equipas arciprestais de pastoral juvenil e vocacional e de um CDPJV permitem criar sinergias positivas

Parece-nos decisivo que a reflexão deste documento não fique encerrada num documento escrito teórico, que não passe ao concreto da realidade das igrejas locais. Assim esperamos!

Ondina Matos, diretora do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil e Vocacional de Aveiro

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